Economia

Cemig, Petrobras, Copel e AES são mais expostas à liquidação

Estas foram as empresas com maior exposição à liquidação de contratos de energia realizada pela CCEE na semana passada, mostram documentos


	Cabos de transmissão de energia elétrica
 (Adriano Machado/Bloomberg)

Cabos de transmissão de energia elétrica (Adriano Machado/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2015 às 18h10.

São Paulo - As empresas com maior exposição à liquidação financeira dos contratos de energia elétrica realizada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) na semana passada foram Cemig GT, uma termelétrica da paranaense Copel e da Petrobras e uma usina da AES Brasil, apontam dados aos quais a Reuters teve acesso nesta segunda-feira.

Na sexta-feira, a CCEE divulgou que a mais recente liquidação de contratos, referente a maio, envolveu 2,53 bilhões de reais, dos quais 460 milhões de reais ficaram em aberto.

A maior parte do valor não aportado envolveu débitos cobertos por liminares judiciais.

A CCEE não informou quais eram as liminares vigentes nem quais empresas foram afetadas pelo calote. Com exceção feita às empresas protegidas judicialmente, o calote na CCEE fez com que as credoras deixassem de embolsar uma parcela de cerca de 18 por cento dos valores que esperavam receber na liquidação dos contratos vigentes em maio, já que as regras preveem o rateio da inadimplência.

De acordo com um relatório privado da CCEE, obtido pela Reuters com uma fonte do setor de comercialização de energia, a Cemig GT, subsidiária da estatal mineira Cemig, tinha cerca de 260 milhões de reais a receber em créditos.

A termelétrica de Araucária (PR), parceria entre a Copel e a Petrobras, tinha a receber um total de 221 milhões de reais, enquanto a térmica de Uruguaiana (RS), da AES Brasil, teria direito a 61 milhões de reais, aproximadamente.

A alta inadimplência afetou as empresas que estavam em posição credora no mercado de curto prazo, um universo que engloba grandes geradores, distribuidoras com sobras de energia e grupos industriais que venderam excedentes de eletricidade, diante do menor uso das capacidades em suas fábricas, segundo o relatório da CCEE.

"O interessante é que com a forte retração de carga já apareceram distribuidoras como credoras no mercado de curto prazo", destacou a fonte do setor de comercialização, que falou sob condição de anonimato.

Ele listou CPFL Paulista (do grupo CPFL Energia e com crédito de 67,8 milhões de reais), EDP Bandeirante (21,8 milhões de reais), Eletropaulo (12,9 milhões de reais) e Cemig Distribuição (3,1 milhões de reais) entre as concessionárias que possuíam créditos na CCEE referentes a maio.

Do lado dos grandes consumidores, Vale e Usiminas destacam-se com créditos de 33 milhões e de 32 milhões de reais.

Segundo o sócio-diretor da consultoria GV Energy, Pedro Machado, indústrias que atuam no mercado livre de eletricidade, como as de bebidas e de veículos, têm aproveitado o cenário de baixa produção em suas fábricas para liquidar excedentes de energia contratada no mercado e gerar caixa.

"(A inadimplência) gera uma instabilidade no setor de comercialização de energia que praticamente paralisa as operações", afirmou Machado.

TERMELÉTRICAS

Outro grupo prejudicado são as termelétricas, uma vez que os créditos que recebem na liquidação financeira da CCEE são usados para pagar o combustível queimado para gerar energia.

"A grande maioria (dessas térmicas) têm a participação da Petrobras, porque ela é responsável pelo suprimento, principalmente de gás", disse Machado.

Em correspondência à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) durante audiência pública que discute o déficit de geração hidrelétrica, a Petrobras disse que o não recebimento de seus créditos na CCEE "causará desequilíbrio para os agentes termelétricos, que terão sérias dificuldades em honrar seus contratos de combustível e garantir sua continuidade operacional".

Procurada, a CCEE disse que não abre detalhes sobre as posições individuais dos agentes nas liquidações financeiras. Cemig, Copel, CPFL Energia, Petrobras e AES Brasil não tinham imediatamente uma posição sobre o assunto.

Vale e Usiminas disseram que não comentariam o assunto.

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