Economia

É cedo para dizer que queda da inflação é tendência, avalia especialista

Focus revelou que a projeção do IPCA caiu pela primeira vez em 19 semanas, mas para professor, é precipitado comemorar baixa na previsão da inflação

Economia aquecida resulta em risco inflação alta, explica especialista (.)

Economia aquecida resulta em risco inflação alta, explica especialista (.)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de junho de 2010 às 15h16.

Brasília - A primeira queda na estimativa de inflação, após 19 semanas, é positiva, mas ainda não pode ser considerada uma tendência, na avaliação do professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira. Segundo a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (7) pelo Banco Central, a expectativa do ano caiu 0,03 ponto percentual, passando de 5,67% para 5,64%. Apesar da redução, o número ainda está bem acima do centro da meta estipulada pelo governo para a inflação do ano, de 4,50%.

"O que tem chamado a atenção de quem está acompanhando este processo é que há muita incerteza no ar. É muito complicado fazer qualquer afirmação que indique alguma tendência neste momento", pondera Matias.

Segundo o economista, o nível de aquecimento da economia brasileira gera um conjunto de pressões inflacionárias, "mas o BC está sinalizando que está disposto a aumentar os juros para frear o crescimento, se existirem sinais de um aquecimento fora do controle". Na última reunião do Comitê de Política Monetária, o Banco Central elevou a taxa básica de juro em 0,75 ponto percentual. A próxima reunião acontece nas próximas terça (8) e quarta (9).

Matias explica que o contrapartida da economia com crescimento muito forte é a inflação alta. "Agora é acompanhar o desdobramento deste tipo de sinalização e torcer para isso ser uma tendência. A economia só tem a ganhar com isso", disse ele.

Maturidade

O boletim Focus revelou, também, que a projeção do Produto Interno Bruto de 2010 subiu de 6,47% para 6,60%. O professor José Matias-Pereira avisa que é necessário adotar políticas macroeconômicas - fiscal, monetária e cambial - para equilibrar a economia. "A preocupação de qualquer governante é que, se há um crescimento acima do normal, ele precisa estar estruturado em um quadro bastante equilibrado. É como a história do voo da galinha, não adianta ela voar alto e cair logo na frente", compara o economista.

Matias acredita que o Brasil entrou no hall de países com estruturas bem delineadas, e que não há risco de o próximo governo alterar as políticas econômicas de forma a prejudicar a economia brasileira. "O Brasil já é um país maduro neste sentido".

O professor defende também que a sociedade vigie as políticas macroeconômicas do país. "Se a inflação se mantiver dentro dos parâmetros, todos ganham. É importante manter um processo de monitoramento e começar a observar as plataformas de governo dos candidatos, inclusive na parte econômica", destacou.

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