Carnaval: Festa deve render ganhos para o Brasil depois de quatro anos de gastos (Reprodução/Wikimedia Commons)
Agência Brasil
Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 19h11.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2019 às 19h13.
O carnaval brasileiro deve render este ano R$ 6,78 bilhões ao país. Segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira (15) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), esse número aumenta em 2% em termos reais (descontada a inflação) a receita dos serviços de turismo no Brasil. Será a primeira vez, desde 2015, que o país terá resultado positivo: em 2016, foi de -12,7%; em 2017, - 6,6%; e, no ano passado, de -0,5%.
A pesquisa da CNC mostra também que o turismo, em janeiro e fevereiro, vai gerar 23,6 mil postos de trabalho temporário por causa do carnaval, em áreas como transporte, hospedagem, alimentação, no país como um todo. Será o maior contingente de temporários contratados desde 2014, quando foram abertas 55,6 mil vagas desse tipo. Naquele ano, dois fatores explicaram o elevado número de postos temporários: o carnaval foi em março e houve também eventos preparatórios para a Copa América de Futebol, em junho.
A contratação de 23,6 mil temporários no carnaval deste ano representa alta de 23,4% em relação ao mesmo período do ano passado (19,1 mil vagas). O segmento de serviços de alimentação, com 18,4 mil vagas ofertadas, deve responder por 78% das oportunidades criadas para o carnaval.
De acordo com o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, três fatores contribuem para tal crescimento. O primeiro é a base comparativa muito fraca porque houve três anos consecutivos de queda na receita do turismo, e qualquer reação vira rapidamente um número positivo. "A gente está vendo isso nos dados do comércio e de serviços", disse Bentes, ao lembrar que atividades de turismo são atividades de serviços.
O segundo ponto é o dólar com valorização de cerca de 20% em relação à cotação no carnaval passado. Dólar mais alto leva o turista nacional a desistir de pacotes no exterior e acaba beneficiando o turismo doméstico. Para o turista estrangeiro, que tem a moeda valorizada, o carnaval é uma boa oportunidade de conhecer o Brasil. "Fica mais barato para ele." A inflação baixa também favorece o fluxo interno de turistas e ajuda o setor a crescer, acrescentou Bentes.
O terceiro fator gerador de uma maior movimentação financeira para o turismo brasileiro no carnaval é o comportamento dos preços. Bentes explicou que, em função da recessão, ainda recente, e da dificuldade de resgatar o consumo de serviços não essenciais, o setor de turismo está apresentando uma dificuldade grande de repassar qualquer aumento de preço para o consumidor final. Segundo o economista, a inflação dos serviços associados ao carnaval este ano está em torno de 3,3%, menor taxa desde 2012, quando o levantamento começou a ser feito pela CNC.
"Essa conjunção de fatores não permite ao setor de serviços de turismo comemorar muito o carnaval deste ano. Mas, de qualquer forma, é a primeira vez, em três anos, que o setor vai experimentar um aumento real de receita". Bentes ressaltou que o setor de serviços sofre muito com crises econômicas e demora a reagir. O turismo foi o último setor a sair da crise. Os demais (agricultura, comércio, indústria) já saíram. "O setor de serviços turísticos está tendo a oportunidade de sair agora [da crise]".
O economista-chefe da CNC destacou que alimentação fora de casa, com destaque para bares e restaurantes; transporte rodoviário, e serviços de alojamento em hotéis e pousadas responderão por mais de 84% do total da receita de R$ 6,78 bilhões que o carnaval vai produzir. Em valores, os três segmentos resultarão em R$ 4,1 bilhões, R$ 859,3 milhões e R$ 774,3 milhões, respectivamente.
"O gasto com alimentação é concomitante com o feriado, enquanto as reservas em hotéis e pousadas são feitas antecipadamente", esclareceu Bentes.
Em termos regionais, a pesquisa revela que os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo deverão apresentar os maiores faturamentos no feriado prolongado do carnaval, estimados em R$ 2.094,3 bilhões e R$ 1.895,9 bilhão, respectivamente. Segundo Fábio Bentes, são estados que atraem mais turistas, no caso do Rio, ou que exportam mais turistas para outras regiões, como ocorre em São Paulo. "Isso movimenta as empresas de serviços nesse período do ano".
Juntos, os dois estados serão responsáveis por 62% da movimentação financeira no período do carnaval. Em terceira e quarta posições aparecem Minas Gerais, com receita de R$ 615,5 milhões, e Bahia, com R$ 561,9 milhões.
Bentes informou que os preços dos bens mais demandados no carnaval subiram 11,1% em 12 meses, por causa do aumento dos combustíveis, entre os quais óleo diesel (21,8%), gás veicular (19,9%) e gasolina (18,6%). Já os preços dos 17 serviços mais consumidos nessa época tiveram alta de 4,3%, abaixo da média histórica para o período.
O economista destacou ainda a queda de 1,7% no item excursões. As diárias médias dos hotéis e pousadas subiram 2,6%; os preços de bens e serviços demandados durante o carnaval evoluíram 6,9%, superando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), cujo período de coleta abrange, em geral, do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência. A inflação medida pelo IPCA-15 dos últimos 12 meses findos em janeiro foi da ordem de 3,9%.