Emmanuel Macron: "a Europa não deveria estar exposta a todos os ventos enquanto outros países decidem defender suas próprias indústrias" (Stephane Mahe/Reuters)
Reuters
Publicado em 2 de maio de 2017 às 09h45.
Paris- O candidato presidencial francês Emmanuel Macron disse que, se for eleito, irá pressionar a União Europeia a elevar os impostos antidumping como parte de uma iniciativa para reduzir os impactos da globalização.
O político independente e de centro, que enfrenta a candidata eurocética e antiglobalização Marine Le Pen no segundo turno da eleição no domingo, disse que abordar os erros da globalização seria sua maior prioridade em conversas com países-membros da UE.
"Há um sentimento de revolta, uma incompreensão da maneira como as coisas funcionam, de uma Europa que não protege mais e uma globalização com perdedores demais", afirmou Macron à rede BFM TV.
Macron disse que harmonizar os impostos corporativos na UE, rever as regulamentações dos trabalhadores temporários do bloco e aumentar os impostos antidumping estariam entre os temas que ele colocaria na pauta de sua primeira cúpula com líderes da UE.
Macron, que como ministro da Economia da França pediu tarifas de importação maiores para o aço, disse querer proteger os empregos e as empresas de seu país com regras antidumping mais severas.
"Quero um aumento maciço nos impostos antidumping quando enfrentamos ataques de fora (da UE)", afirmou.
O candidato disse que as taxações atuais de 100 a 120 por cento sobre produtos importados vendidos abaixo de seu custo de produção não bastam. China e Índia já venderam seus excedentes de aço na Europa com prejuízo quando produziram o metal em excesso, disse.
Apontando o exemplo dos Estados Unidos, Macron também disse querer que ao menos 50 por cento das licitações públicas sejam reservadas a companhias europeias.
"A Europa não deveria estar exposta a todos os ventos enquanto outros países decidem defender suas próprias indústrias", argumentou.
Macron também quer uma revisão da lei da UE sobre os "trabalhadores mobilizados" - pessoas que trabalham temporariamente fora de seu país de origem, muitas vezes como caminhoneiros e operários de construção.
"Pessoas em um mesmo país devem receber o mesmo salário pelo mesmo trabalho. Não podemos mais ter um sistema no qual um trabalhador francês recebe 100 e um trabalhador saído da Polônia recebe 40", disse.
Ele afirmou que, ao contrário de Le Pen, não quer revogar a lei, já que isso não é possível em uma Europa aberta e que a própria França envia trabalhadores ao exterior.
No ano passado a Comissão Europeia já havia proposto que os trabalhadores de um país da UE enviados a outro tenham direito legal ao mesmo pagamento dos trabalhadores do país que o acolhem, e não ao salário mínimo deste país.