Economia

Canadá responde EUA com tarifas retaliatórias de US$ 12,6 bilhões

A ministra das Relações Exteriores do Canadá afirmou que não tem escolha senão retaliar os EUA por conta das novas tarifas

Não vamos escalar e não vamos recuar, disse Freeland (Jonathan Ernst/Reuters)

Não vamos escalar e não vamos recuar, disse Freeland (Jonathan Ernst/Reuters)

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AFP

Publicado em 29 de junho de 2018 às 15h56.

O Canadá respondeu aos Estados Unidos nesta sexta-feira (29) com tarifas retaliatórias de 12,6 bilhões de dólares sobre bens americanos - entre eles, produtos como suco de laranja, ketchup e uísque bourbon.

As tarifas de 25% sobre produtos de aço e alumínio e de 10% sobre bens de consumo passa a valer a partir de 1º de julho, inaugurando uma guerra comercial com o presidente americano, Donald Trump.

Ottawa ainda anunciou um auxílio financeiro de 1,52 bilhão de dólares para as indústrias de aço e alumínio canadenses e os trabalhadores afetados pelas tarifas dos EUA aos metais - anunciadas em março e impostas ao Canadá desde 1º de junho.

"O Canadá não tem escolha senão retaliar com uma resposta calculada, recíproca em cada dólar. Isso é o que nós vamos fazer", anunciou a ministra das Relações Exteriores, Chrystia Freeland.

"Não vamos escalar e não vamos recuar", acrescentou, enquanto pediu para Washington reconsiderar seus ataques à economia do Canadá.

Ela acrescentou que essa é a ação comercial mais dura de Ottawa desde a Segunda Guerra Mundial.

A lista de 250 produtos americanos sujeitos às tarifas canadenses foi desenhada para pressionar ao máximo eleitores de Trump nos "swing states", os estados indecisos, conforme se aproximam as eleições de meio de mandato, em novembro.

As tarifas miram, por exemplo, o suco de laranja da Flórida, o papel higiênico de Wisconsin e os pepinos da Carolina do Norte.

Canadá e México ficaram inicialmente desonerados dastaxas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio, mas Trump mudou de contudoneste mês, em meio às negociações para renovar o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), que reúne os três países.

Empresários canadenses alertaram legisladores que uma escalada em uma guerra comercial seria devastadora para a economia do país, que envia cerca de 75% de suas exportações para os Estados Unidos.

Contudo, os canadenses são amplamente favoráveis à retaliação anunciada nesta sexta.

Em Ottawa, autoridades recusaram um convite do embaixador dos Estados Unidos à festa anual pelo Dia da Independência americana, em 4 de julho.

"Eu recusei educadamente porque não estou contente com a direção do governo americano e seus ataques constantes a nosso país", disse o presidente de Ottawa, Jim Watson, à emissora pública CBC.

O patriotismo canadense aparece em hashtags como #BoicoteEUA #CompreDoCanadá e #FériasNoCanadá.

Vizinhos afastados

Canadá e EUA estão entre os dois parceiros comerciais mais antigos do mundo, com uma estimativa de 637,9 bilhões de dólares em bens e serviços trocados em 2017, com um leve superávit para os Estados Unidos, de acordo com o gabinete do representante comercial americano.

Os Estados Unidos também são o principal destino de canadenses, que fizeram 42 milhões de viagens aos EUA em 2017.

Mas as relações entre os vizinhos vivem seu pior momento em décadas.

A distância entre eles se aprofundou ainda mais recentemente quando Trump rejeitou, abruptamente, o comunicado conjunto e insultou seu anfitrião canadense, o primeiro-ministro Justin Trudeau.

Nesta semana, Trump continuou a atacar produtos candenses como laticínios e trigo, e a isenção de impostos na alfândega para canadenses voltando para casa, acusando-os de usar tênis para contrabadeá-los.

O secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, defendeu as tarifas do governo de Trump frente ao Congresso na semana passada, mas admitiu que a indústria canadense de aço "não estava sendo acusada de ser diretamente ou individualmente uma ameaça à segurança".

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