Economia

Campos Neto reforça manutenção da Selic, mas BC acompanha piora fiscal

BC frisou na ata do Comitê de Política Monetária estar atento à piora do quadro fiscal e suas implicações para a política monetária

Roberto Campos Neto: "devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno". (Amanda Perobelli/Reuters)

Roberto Campos Neto: "devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno". (Amanda Perobelli/Reuters)

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Reuters

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 15h29.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta terça-feira o termo "notícias fiscais" ao falar da inclinação recente na curva de juros, conforme apresentação exibida em encontro por videoconferência com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e divulgada à imprensa.

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Nesta terça-feira, o BC frisou na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) estar atento à piora do quadro fiscal e suas implicações para a política monetária.

Embora tenha repetido que as condições para a orientação futura (forward guidance) de não elevação da Selic seguem satisfeitas, o BC afirmou que alterações de política fiscal que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal motivariam uma reavaliação dessa orientação, mesmo que o teto dos gastos ainda esteja nominalmente mantido.

Na apresentação desta tarde, Campos Neto repetiu que o forward guidance continua vigente, já que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, encontram-se significativamente abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária; o regime fiscal não foi alterado; e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas.

No documento, ele também exibiu um gráfico com o histórico do dólar frente ao real de 2016 para cá, no qual destacou marcos relacionados a reformas e outros ligados a choques nos mercados.

Em 2017, ano em que destacou um patamar de 3,13 reais para o dólar, Campos Neto chamou a atenção para a aprovação do teto de gastos, mudanças na política de terceirização e na legislação trabalhista, além da nova política para a taxa de juros que referenciava empréstimos do BNDES, a TLP.

Em 2018, ele destacou a greve dos caminhoneiros antecedendo um período de dólar mais alto (4,16 reais), ao passo que em 2020 citou a aprovação da reforma da Previdência como um evento que precedeu um patamar mais baixo para a divisa norte-americana.

Para 2020, Campos Neto destacou o patamar de 5,08 reais para o dólar antes da pandemia de coronavírus, de 5,20 reais algum tempo depois e, mais recentemente, de 5,78 reais.

O presidente do BC também mencionou a recomendação de cautela na política monetária ao falar do espaço para atuação convencional no caso brasileiro, reiterando que "devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno".

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