Economia

Campos Neto diz que mercado está "dando credibilidade" e é possível reduzir juros no futuro

Selic está em 13,75% ao ano e o governo vê melhora da inflação como boa notícia

Campos Neto: ele também argumenta que a melhora das expectativas abre caminho para a redução dos juros (Marcos Oliveira/Agência Senado)

Campos Neto: ele também argumenta que a melhora das expectativas abre caminho para a redução dos juros (Marcos Oliveira/Agência Senado)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 12 de junho de 2023 às 18h41.

Última atualização em 12 de junho de 2023 às 18h55.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira que os agentes de mercado estão precificando positivamente as medidas econômicas adotadas pelo governo Lula. Ele também argumenta que a melhora das expectativas abre caminho para a redução dos juros:

"O mercado está dando credibilidade ao que está sendo feito, o que abre espaço para uma atuação em política monetária lá na frente", declara o presidente da autarquia em encontro com empresários, promovido pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV).

No encontro, ele detalha aos representantes de diversas empresas do varejo que um dos principais determinantes do custo de crédito ao setor é a curva de juros futura, que já registra queda.

O que disse Campos Neto?

"O que determina o custo de crédito para vocês [do setor] não é a Selic, são os juros futuro. Se a Selic estiver baixa, mas a curva estiver inclinada, o custo futuro vai ser mais alto. E o que tem acontecido na curva de juros futura é uma queda relevante de quase 3%, dependendo do prazo que você olha", pontua.

Campos Neto também declara que o contexto macroeconômico no Brasil "clareou um pouco" com "surpresas boas" no índice de inflação e PIB. Segundo o presidente do BC, haverá novas revisões para cima sobre o crescimento econômico:

"Com o número do primeiro trimestre, acho que vai ser muito difícil essa revisão parar. Muito provavelmente vamos ter revisões para próximo de 2% ou até para cima, pelo efeito base do primeiro trimestre"

Equipe econômica vê espaço para taxa de juro cair a 12% até o fim do ano

A equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vê espaço para que a taxa básica de juro da economia, a Selic, termine 2023 em 12% ao ano. Considerando os atuais índices de inflação e os sinais do Banco Central (BC), hoje, os juros estão em 13,75%, patamar criticado recorrentemente pelo governo. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, é alvo constante de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A expectativa do mercado é que a Selic comece uma queda gradual a partir de agosto. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central está marcada para a semana que vem. Nessa reunião, o governo espera que o Copom sinalize claramente uma queda de juro no encontro seguinte.

Para integrantes da Fazenda, a inflação está liquidada e números como a deflação do IGPM mostram isso. Foi uma deflação de 1,84% em maio, após ter recuado 0,95% em abril. Não haveria razões para manter a taxa em 13,75%, segundo esse entendimento. O IPCA, que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,23% em maio deste ano, numa tendência de queda.

A Fazenda tenta sensibilizar o BC com dados, além da inflação, como a aprovação do arcabouço fiscal pela Câmara e a visão de que o crescimento da economia no próximo ano dependerá de uma redução dos juros.

Campos Neto disse recentemente que as expectativas de inflação de longo prazo ainda estão altas, “mas devem cair”.

Haddad e Campos Neto conversam com frequência, mas a maior relação da Fazenda com o BC é por meio do secretário executivo da pasta, Gabriel Galípolo. Galípolo, por sua vez, foi indicado para a diretoria de Política Monetária do banco e é o nome mais cotado para a presidência da autarquia a partir de 2024, quando termina o mandato de Campos Neto.

Arcabouço fiscal: E eu com isso?

A chegada de Galípolo ao BC é esperada no governo como forma de aprofundar o debate por dentro sobre a política monetária e ampliar o diálogo nesse sentido. O seu nome ainda precisa ser aprovado pelo Senado, o que não deve acontecer antes da reunião do Copom de junho.

Embora Galípolo já seja hoje um dos principais responsáveis pela ponte entre o BC e o restante do governo, ele terá mais influência estando dentro da instituição, segundo membros do Executivo

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