Economia

Caminhoneiros dos EUA veem queda de cargas como desaceleração econômica

Motoristas, operadores regionais de transporte e autoridades do setor logístico dizem que o transporte rodoviário encolheu no final de 2018

Caminhões nos EUA: efeitos da desaceleração têm sido irregulares em todo o país, com encomendas menores e menos quilômetros percorridos (picture alliance / Contributor/Getty Images)

Caminhões nos EUA: efeitos da desaceleração têm sido irregulares em todo o país, com encomendas menores e menos quilômetros percorridos (picture alliance / Contributor/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 17 de abril de 2019 às 14h17.

Nova York — Em uma parada de caminhões em Ridgefield, Nova Jersey, nos Estados Unidos, o motorista Paul Richards revisa um caderno de anotações, no qual ele monitora quilômetros percorridos e o que está transportando. O seu rendimento caiu cerca de 25 por cento em relação ao mesmo período de um ano atrás, junto com os quilômetros semanais.

"Esta não foi uma semana muito boa", disse Richards, que carrega materiais de construção e produtos reciclados pelo Nordeste dos EUA. "A semana passada também não foi."

Nos Estados Unidos, motoristas, operadores regionais de transporte e autoridades do setor logístico dizem que o setor de transporte rodoviário de 700 bilhões de dólares encolheu no final de 2018 e a que a queda continua este ano. Embora o declínio no valor de frete e no transporte não sugira por si só que os Estados Unidos estejam entrando em recessão, esses recuos são condizentes com a derrapagem da economia norte-americana como um todo.

Os efeitos da desaceleração têm sido irregulares em todo o país, com encomendas menores e menos quilômetros percorridos no Centro-Oeste e Sudeste dos EUA do que na costa oeste, disseram economistas e autoridades regionais.

O modal rodoviário responde por 70 por cento da carga transportada nos EUA e é fundamental para os setores de manufatura, construção e varejo, todos os quais mostraram lentidão no primeiro trimestre. Os fatores mais comuns para o declínio incluem a guerra comercial iniciada pelo governo de Donald Trump contra a China e a fraqueza no setor agrícola.

Um índice de volumes de caminhões da ACT Research, que pesquisou cerca de 60 frotas, ficou negativo em novembro, pela primeira vez desde julho de 2016. Ele retornou brevemente a território positivo em janeiro, mas caiu novamente em fevereiro. O indicador corresponde às previsões de um primeiro trimestre fraco para o produto interno bruto dos EUA, que deverá crescer 1,8 por cento, segundo pesquisa da Reuters.

"Claramente, a economia está desacelerando", disse Kenny Vieth, presidente da ACT Research, em uma entrevista recente. "Quando a economia está moderada, a indústria de caminhões pode ser excepcionalmente pior do que a economia como um todo, devido à profunda tendência cíclica que caracteriza a indústria."

Outro indicador, o índice de tonelagem das Associações Norte-Americanas de Transporte Rodoviário, está em um nível saudável a 117,4, ainda muito acima dos níveis da era da recessão entre 2008 e 2012, quando permaneceu abaixo de 90.

A fraqueza da indústria não é uniforme em todo o país. A Reuters conversou com 47 das 50 associações estaduais de caminhões, e das que responderam, 16, incluindo as de Illinois, Wisconsin, Ohio e Tennessee, disseram que a atividade havia diminuído. Outras 16 disseram que houve pouca mudança, e o resto não pode dizer, de uma maneira ou de outra.

As cargas no Centro-Oeste e no Sudeste dos Estados Unidos foram mais fortemente atingidas do que em outras regiões, de acordo com Bobby Holland, vice-presidente e diretor da Bank Freight Data Solutions, de Minneapolis. No Centro-Oeste, as tarifas de exportação das colheitas prejudicaram as vendas agrícolas, e a produção de automóveis também está moderada, disse ele.

Neal Kedzie, presidente da Associação de Transportadores de Veículos de Wisconsin, disse que a atividade começou a desacelerar no final de 2018. Antes os operadores de frete estavam entrando em contato com os transportadores. Agora, porém, as transportadoras estão começando a procurar os operadores de frete para conseguirem cargas.

"As transportadoras estão tendo que fazer mais buscas por conta própria do que os operadores de frete, que (antes) tinham tanto a oferecer que não conseguiam encontrar caminhões suficientes", disse Kedzie.

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