Luciano Coutinho: o presidente do BNDES disse que é preciso lutar para recuperar a capacidade competitiva da indústria e afirmou ser necessária uma política industrial de longo prazo (Paulo Whitaker/REUTERS)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2013 às 12h09.
São Paulo - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse, nesta sexta-feira, 8, que a indústria brasileira perdeu competitividade após longos ciclos de apreciação cambial.
Ele lembrou que a participação da indústria no PIB caiu de 25% a 26%, no final do século passado, para 13% a 14% atualmente.
"Após dois períodos longos de apreciação cambial, o primeiro de 1994 a 2000, provocado pela política de paridade e com juro lá em cima, e depois de 2005 a 2011, com a melhora extraordinária dos preços de commodities, com uma política também de valorização do real e com economia crescendo, a percepção não foi clara dos impactos na indústria", explicou.
Coutinho participou de conferência promovida pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Coutinho afirmou que é preciso lutar para recuperar a capacidade competitiva da indústria e disse ser necessária uma política industrial de longo prazo, independentemente de problemas conjunturais, como a variação cambial.
O presidente do BNDES pediu que o trabalhador defenda uma melhora competitiva da indústria com preservação de emprego e admitiu: "Sem fazer qualquer juízo de valor, é da natureza do capitalista sacrificar empregos em busca da rentabilidade".
Para ele, "felizmente a tendência da taxa de câmbio daqui para a frente será de depreciação do real", diante do cenário de redução na liquidez e aumento nos juros do mercado norte-americano.
Coutinho lembrou que no passado recente se desgastou dentro do governo, quando a taxa de câmbio estava em R$ 1,60, mas que "medidas ousadas", como taxação com IOF de importados, foram tomadas, o que trouxe o dólar para em torno de R$ 2.
O presidente do BNDES citou o novo ciclo de volatilidade cambial recente no País e admitiu que as dúvidas em relação ao desempenho fiscal do Brasil, aliadas ao crescimento dos EUA no trimestre passado, vêm puxando o dólar desde a semana passada. "Toda vez que a economia norte-americana mostra sinal de vitalidade, o mercado reage e precifica subida", disse.
Coutinho estimou que a pressão "nos próximos dois anos pelo menos" será pela depreciação do real e que "o desafio do governo para controlar a inflação é grave" nesse cenário.