Economia

Câmara aprova PEC do "Orçamento de guerra" em primeiro turno

Deputados aprovaram as mudanças feitas pelos senadores, que incluíram mais amarras para compra de títulos pelo Banco Central

Câmara dos Deputados: sessão plenária está quase vazia porque parlamentares votaram remotamente (Najara Araujo/Agência Câmara)

Câmara dos Deputados: sessão plenária está quase vazia porque parlamentares votaram remotamente (Najara Araujo/Agência Câmara)

AO

Agência O Globo

Publicado em 4 de maio de 2020 às 19h35.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria o “Orçamento de guerra”, que facilita os gastos do governo no combate ao novo coronavírus. Foram 481 votos a favor e 4 contra. A ideia é votar o segundo turno ainda nesta segunda-feira. Os deputados ainda precisam votar os destaques da proposta.

A proposta, apoiada pelo governo, tem o objetivo de dar mais segurança jurídica e permitir a ampliação das despesas públicas sem as amarras que restringem os gastos federais. Além disso, divide os gastos regulares das despesas destinadas ao enfrentamento do coronavírus.

O projeto também permite que o Banco Central compre títulos públicos e títulos privados de crédito no mercado secundário.

O texto foi votado pela Câmara no início do mês e enviado para votação no Senado. Os senadores fizeram modificações no projeto e aprovaram no último dia 17. As mudanças foram votadas pela Câmara nesta segunda-feira.

Antes da última votação, o relator na Câmara, deputado Hugo Motta (MDB-PB), fez duas modificações. Primeiro suprimiu um trecho que previa que as empresas beneficiadas pelos operações do Banco Central deveriam se comprometer a manter os empregos.

Depois, o relator retirou do texto um trecho que especificava quais tipos de títulos privados de crédito o Banco Central poderia comprar. Dessa maneira, o BC poderá atuar no mercado de maneira mais ampla.

Essas alterações serão votadas de forma separada pelos deputados ainda nesta noite.

O deputado diz que a aprovação é fundamental para que o Executivo continue a desembolsar recursos para o combate ao coronavírus. Ele relata que foi informado pelo governo de que, caso a proposta não fosse aprovada esta semana, não haveria espaço fiscal para mais gastos.

- A PEC é fundamental porque neste momento o governo precisa tomar medidas orçamentárias para auxiliar o Ministério da Saúde e combater o coronavírus. A aprovação também serve para o socorro aos estados e municípios. Só podemos votar esse auxílio com a PEC, já que haveria impedimentos para a liberação (de dinheiro) com as travas do teto de gastos e da regra de ouro - diz Hugo Motta.

Senado modifica

No Senado, o relator foi o senador Antonio Anastasia (PSD-MG) que retirou alguns artigos do projeto, como o que criava o comitê de gestão de crise e incluiu a necessidade dos gastos com o enfrentamento ao coronavírus constarem na prestação de contas anual da Presidência da República.

O relator também atendeu pedidos de parlamentares, colocando mais restrições na medida que autoriza o Banco Central (BC) a comprar títulos públicos e títulos privados de crédito direto no mercado. Esse foi o ponto que mais causou polêmica entre os senadores.

A ideia foi apresentada pela autoridade monetária para possibilitar ações mais eficazes no combate aos efeitos econômicos da crise do coronavírus. Com a aprovação, o BC poderá colocar recursos diretamente no mercado e, em última instância, estimular a concessão de crédito.

Entre outras mudanças, o BC só poderá comprar títulos que tenham qualidade mínima aferida por agências de classificação de risco. Além disso, as instituições financeiras que venderem esses títulos para o BC não poderão distribuir lucros e dividendos acima do mínimo estabelecido por lei.

Crédito para empresas

A pedido do governo, Anastasia também incluiu na PEC que empresas com dívidas previdenciárias possam obter crédito com garantia da União. Hoje, essa possibilidade é proibida.

A mudança foi proposta para viabilizar a medida que prevê a concessão de R$ 40 bilhões em empréstimos para pagar salários de funcionários de pequenas e médias empresas. Desse montante, R$ 34 bilhões serão garantidos pelo Tesouro Nacional. Ou seja, o governo assume a maior parte do risco das operações.Para se ter uma ideia do efeito do impedimento constitucional, só nos estados do Rio e de São Paulo, há mais de 530 mil inscrições na dívida ativa por causa de débitos previdenciários.

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