Economia

Calotes já não se restringem apenas a setor de commodities

Já há sinais de contágio na dívida de grau especulativo fora do espaço das commodities


	Dólares: olhada a picos anteriores das taxas de calote mostra o potencial de dificuldades corporativas mais difundidas
 (Andrew Harrer/Bloomberg)

Dólares: olhada a picos anteriores das taxas de calote mostra o potencial de dificuldades corporativas mais difundidas (Andrew Harrer/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2016 às 22h36.

Os investidores em títulos parecem ter depositado sua fé no caráter excepcional das commodities.

Muitos deles supõem que o recente aumento do número de calotes nos EUA desafiará tendências históricas e se manterá confinado a essa indústria.

Novas pesquisas do Deutsche Bank jogam um balde de água fria nessa ideia, afirmando que já há sinais de contágio na dívida de grau especulativo fora do espaço das commodities.

Uma olhada a picos anteriores das taxas de calote mostra o potencial de dificuldades corporativas mais difundidas. Embora as taxas de calote tenham sido mais altas em setores particulares – como as empresas de telecomunicações no começo da década de 2000 ou as financeiras durante a crise de 2008 – a taxa para os títulos de grau especulativo excluindo esses setores especializados também aumentou muito.

“Os ciclos de calote anteriores nunca se restringiram a um único setor ou grupo pequeno de setores”, disseram na nota Oleg Melentyev e Daniel Sorid, estrategistas de crédito do Deutsche.

“Sim, os ciclos sempre foram impulsionados pelo distress concentrado, mas eles sempre conseguiram afetar outras áreas do mercado.”

Os estrategistas destacam a recente pressão sobre o setor de varejo, incluindo a agonia da Quicksilver, da American Apparel e da Aeropostale, como evidência de que já começaram a ocorrer calotes fora do reino das commodities.

Taxas de juros baixas ao redor do mundo oferecem certa esperança a quem acredita na exceção, porque elas podem ajudar a diminuir a pressão sobre o financiamento corporativo e permitir que as empresas refinanciem suas dívidas. O programa de compra de dívida corporativa planejado pelo Banco Central Europeu ajudou a impulsionar uma demanda já alta por papéis corporativos.

Contudo, o Deutsche calcula que desta vez o ciclo da dívida não é tão diferente assim. “Argumenta-se com frequência aqui que todos os problemas continuarão limitados ao setor de commodities”, concluíram os analistas.

“Evidências como essa, somadas às pressões creditícias que estão surgindo nos setores de varejo e de bens de capital, sugerem que um ciclo restrito é uma hipótese fraca.”

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