Economia

Cade: Uber reduziu mais da metade das corridas de aplicativos de táxi

Pesquisa realizada em 590 municípios levou em conta critérios como número de corridas realizadas e a distância média percorrida

Uber: pesquisa concluiu que o serviço de transporte individual traz mais inovações aos consumidores, o que torna defasada a regulação atual dos táxis (Victor J. Blue/Getty Images)

Uber: pesquisa concluiu que o serviço de transporte individual traz mais inovações aos consumidores, o que torna defasada a regulação atual dos táxis (Victor J. Blue/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de abril de 2018 às 17h39.

Brasília - Um estudo divulgado nesta quinta-feira, 12, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), constatou que a entrada da Uber no Brasil gerou, em média, a redução de 56,8% das corridas de aplicativos de táxis.

A pesquisa foi realizada em 590 municípios, entre os anos de 2014 e 2016, e levou em conta critérios como número de corridas realizadas, mês e ano em que cada cidade passou a ser atendida, o valor médio da corrida em reais e a distância média percorrida.

O levantamento do Cade sugere que, "além de conquistar usuários de outros modais de transporte que não utilizavam serviços de aplicativos de táxi, a Uber também rivalizou com os serviços de aplicativos de táxi, conquistando parte de seus usuários". Foram considerados como aplicativos de táxi as seguintes empresas: EasyTaxi e 99Taxis.

A pesquisa concluiu que o serviço de transporte individual traz mais inovações aos consumidores, o que torna defasada a regulação atual dos táxis. O documento elogia a aprovação, em março deste ano, do projeto de lei que regulamenta os aplicativos de transporte individual de passageiros.

"É necessário o amadurecimento do debate na direção da desregulamentação gradual dos serviços de táxi, em especial, nos aspectos relacionados a barreiras à entrada e à liberdade tarifária", afirma o Cade.

O estudo mostra que, se for levado em conta só capitais, o impacto concorrencial é menor. Nessas cidades, a queda no número de corridas de táxi foi de 36,9%, em média. No entanto, segundo o Cade, "quando se examinam apenas as capitais das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, o efeito da entrada da Uber sobre as corridas de táxi é menos intenso (redução de 26,1%) quando comparado com os resultados das capitais do Norte e Nordeste (redução de 42,7%)".

De acordo com a pesquisa, a queda maior do número de corridas de aplicativos de táxis nas capitais das regiões Norte e Nordeste se deve à "entrada tardia do aplicativo Uber nesses municípios (entre março e dezembro de 2016)". Porém, "quando se observa o grupo das capitais das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, verifica-se que as entradas se iniciaram em maio de 2014".

A pesquisa mostrou também que apenas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste houve uma reação das empresas de táxi para reduzir os valores em 12,1%, o que "indica que o setor de táxi por aplicativo reagiu oferecendo descontos nos valores das corridas após um período mais longo de exposição a um ambiente competitivo".

A primeira cidade brasileira a receber o aplicativo de transporte individual Uber foi o Rio de Janeiro, em maio de 2014. No Nordeste, Recife foi o primeiro município a contar com o serviço, em abril de 2016; e no Norte, Belém foi a primeira cidade a contar com a novidade, a partir de fevereiro de 2017. A Uber está presente em cerca de 633 cidades de 82 países e é considerada a startup com maior valor de mercado, que chega a aproximadamente US$ 70 bilhões.

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