Bancos: o Cade também citou preocupações com potenciais prejuízos a outras instituições financeiras e demandantes dos serviços de informações de crédito (Bloomberg News/Pedro Lobo)
Da Redação
Publicado em 6 de junho de 2016 às 10h47.
São Paulo - A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) declarou como complexa a operação por meio da qual os cinco maiores bancos do país pretendem criar uma empresa de análise e gestão de crédito, que vai concorrer com Serasa Experian e Boa Vista Serviços.
Com o negócio anunciado no início do ano, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander Brasil, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal pretendem ter cada um 20 por cento do capital da nova gestora de inteligência de crédito (GIC).
A Superintendência-Geral do órgão antitruste determinou que sejam realizados alguns procedimentos junto aos bancos, como apresentação de proposta detalhada sobre como os riscos de fechamento e discriminação do mercado serão mitigados.
Além disso foi exigido que os bancos detalhem as práticas de governança a serem adotadas pela GIC, mostrando as ações a serem tomadas para preservar a independência de cada instituição financeira entre si e em relação à gestora, assim como a apresentação das eficiências econômicas geradas pela operação.
Segundo nota técnica do Cade, as exigências decorrem da preocupação com a possibilidade de que os bancos poderiam "ter incentivos para um possível fechamento, no fornecimento e/ou no consumo de informações de crédito, dos mercados de serviços de informações negativas e positivas de pessoas físicas e jurídicas".
O Cade também citou preocupações com potenciais prejuízos a outras instituições financeiras e demandantes dos serviços de informações de crédito que poderiam ter o acesso às informações compartilhadas pelos cinco bancos prejudicado.
Na época do anúncio da criação da empresa, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, disse que objetivo da iniciativa é a queda dos spreads, da inadimplência e do superendividamento de clientes.
Portugal disse que os bancos seguirão como clientes das empresas especializadas que estão no mercado, mas que havia a necessidade de uma entidade para coordenar apropriadamente os "sistemas complexos de tecnologia, grande volume de dados" e zelar pela privacidade dos dados dos clientes.