Farinha de trigo: de acordo com as denúncias, os distribuidores não poderiam descumprir os acordos firmados, sob pena de sofrerem sanções. (Paula Bronstein /Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2013 às 22h14.
Brasília - Em busca de provas contra um suposto cartel de farinha de trigo, a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) realizou nesta quarta-feira, 17, uma operação de busca e apreensão de documentos em quatro capitais de Estados do Nordeste, região responsável por cerca de um quarto da produção nacional.
As investigações do Cade mostraram que o preço da farinha de trigo na Região Nordeste é aproximadamente 20% superior ao praticado nos Estados do Centro-Sul do País. "A existência de um cartel nesse setor prejudicaria a economia do País como um todo", afirmou o órgão antitruste por meio de nota.
Item relevante da cesta básica, a farinha de trigo é usada também na panificação, setor que corresponde a mais de 50% da demanda do produto, além de fabricação de massas, doces e biscoitos.
Durante a operação nas cidades de Maceió (AL), Fortaleza (CE), Recife (PE) e Natal (RN), foram cumpridos 15 mandatos de buscas em seis empresas de moagem, três distribuidoras e uma associação. O objetivo foi apurar denúncias de que havia reuniões frequentes entre diretores das companhias para negociar preços, condições de venda e divisão do mercado.
"De acordo com as denúncias, os distribuidores não poderiam descumprir os acordos firmados, sob pena de sofrerem sanções. Os comerciantes que não aceitassem o acordo seriam punidos com cortes no volume do produto e com o aumento do preço no mês seguinte", completou a nota.
Batizada de "Operação Mós", em referência às pedras que trituram os grãos nos moinhos, a força-tarefa contou com o apoio de 28 oficiais de Justiça, 70 policiais rodoviários federais, 16 peritos da Polícia Federal, 39 servidores do Cade, dois servidores do Ministério Público, além do auxílio da Procuradoria Regional Federal da 5ª Região.
Os documentos apreendidos serão analisados pela Superintendência-Geral do Cade e, caso os indícios de cartel sejam confirmados, um processo administrativo será aberto pelo órgão de defesa da concorrência.