Economia

Brics querem montar nova agência de classificação de risco

Os países dos Brics estão querendo criar uma nova agência de classificação de crédito a fim de acabar com o domínio de Standard & Poor's, Fitch e Moody’s


	Brics: maior obstáculo para uma agência de classificação de risco dos Brics seria convencer os investidores dos EUA e da Europa
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Brics: maior obstáculo para uma agência de classificação de risco dos Brics seria convencer os investidores dos EUA e da Europa (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2016 às 16h41.

Os países dos Brics estão querendo criar uma nova agência de classificação de crédito a fim de acabar com o domínio de três grandes empresas de países desenvolvidos.

Na tentativa de reduzir os custos dos empréstimos que, segundo esses países, são excessivamente altos por causa das avaliações da S&P Global Ratings, da Fitch Ratings e da Moody’s Investors Service, o grupo que inclui o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul pretende criar uma agência concorrente com uma estrutura de tarifas diferente.

A criação de uma agência de classificação de risco que não depende da receita dos clientes que querem que sua dívida seja analisada “está sendo discutida ativamente”, disse Yaduvendra Mathur, presidente do conselho e diretor administrativo do Eximbank da Índia, por telefone no dia 16 de junho.

O credor financiado pelo governo é parte das tarefas de uma equipe de trabalho que estuda a viabilidade de uma nova agência de classificação de risco antes da próxima cúpula dos Brics, marcada para outubro.

O maior obstáculo para uma agência de classificação de risco dos Brics seria convencer os investidores dos EUA e da Europa de que as notas são atribuídas sem pressão dos governos. As críticas à S&P, à Fitch e à Moody’s dizem que elas estão submetidas às empresas que avaliam porque sua renda vem desses clientes.

"Concorrência saudável"

“Vai demorar um pouco para que a agência de classificação de risco dos Brics conquiste esse tipo de credibilidade”, disse Rajrishi Singhal, membro sênior de estudos geoeconômicos da Gateway House.

“Não vai acontecer desde o primeiro dia. Os investidores vão observar de perto o modo em que eles classificam e quais são os processos que eles empreenderam”.

A Fitch, com sede no Reino Unido, disse que as classificações dos mercados emergentes são limitadas pela dependência de financiamento externo, que muitas vezes lhes confere menos flexibilidade para lidar com a volatilidade econômica e política.

“Qualquer agência de classificação precisa estabelecer uma reputação de independência e o gerenciamento dos conflitos de interesse”, disse Daniel Noonan, porta-voz da Fitch, em e-mail do dia 16 de junho. A Fitch “acredita fortemente na concorrência saudável”, acrescentou ele.

S&P e Moody’s, ambas com sede em Nova York, não responderam a perguntas enviadas por e-mail no dia 16 de junho.

Os países em desenvolvimento afirmam que recebem avaliações mais severas do que suas contrapartes desenvolvidas, o que torna os empréstimos mais caros para eles porque as notas corporativas são limitadas ao nível soberano.

As três grandes agências de classificação de crédito controlam atualmente mais de 90 por cento do mercado e foram criticadas por terem dado notas máximas às dívidas de alto risco que desencadearam a crise financeira de 2008.

Os países dos Brics, que respondem por mais de um quarto da produção econômica do mundo, criaram sua própria instituição multilateral com sede em Xangai para financiar projetos de infraestrutura.

O Novo Banco de Desenvolvimento, atualmente presidido por um indiano, “poderia ser um usuário” da nova agência de classificação de crédito, disse Mathur.

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