Economia

Brexit sem acordo pode paralisar economia do Reino Unido

A primeira-ministra Theresa May está correndo contra o tempo para fechar um acordo com a UE antes que o Reino Unido saia formalmente do bloco em 29 de março

Cartaz em marcha de protesto contra o Brexit (Toby Melville/Reuters)

Cartaz em marcha de protesto contra o Brexit (Toby Melville/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 27 de outubro de 2018 às 08h00.

Última atualização em 27 de outubro de 2018 às 08h00.

Um Brexit sem acordo praticamente paralisaria a economia do Reino Unido no ano que vem, de acordo com um novo relatório.

Se o Reino Unido sair da União Europeia sem um acordo, retrocedendo para as regras de status de nação mais favorecida da Organização Mundial do Comércio, o produto interno bruto aumentará apenas 0,3 por cento em 2019, afirmou o Instituto Nacional de Pesquisa Econômica e Social (Niesr, na sigla em inglês) nesta sexta-feira.

Por outro lado, um acordo comercial que preservasse a maior parte das condições atuais significaria que a economia cresceria 1,9 por cento no ano que vem, mais do que a previsão anterior feita pelo think tank, de 1,7 por cento.

Um Brexit sem acordo iria "eliminar qualquer espaço fiscal" para o ministro das Finanças, Philip Hammond, que apresentará seu orçamento em 29 de outubro. Embora seja possível para o governo cumprir suas metas para o déficit e a dívida líquida do setor público, não será fácil, independentemente de o divórcio com a UE ser duro ou suave, de acordo com o modelo do Niesr.

A primeira-ministra Theresa May está correndo contra o tempo para fechar um acordo com a UE antes que o Reino Unido saia formalmente do bloco, em 29 de março, e as empresas estão ficando cada vez mais nervosas com as repercussões. O próprio gabinete de May não está nem perto de qualquer acordo sobre o caminho a ser seguido para retomar as negociações paralisadas, e o tempo restante para chegar a algum acordo está acabando.

Além disso, a primeira-ministra prometeu acabar com os anos de austeridade, dando a Hammond mais um desafio para traçar um caminho fiscal prudente em seu orçamento.

"O ministro vai anunciar o orçamento em um momento de considerável incerteza sobre a futura relação comercial entre o Reino Unido e a UE, o que também complica as perspectivas fiscais", escreveram autores, incluindo Amit Kara, no relatório do Niesr. "Um Brexit sem acordo levará à depreciação da moeda, a um PIB menor a curto e longo prazo e a uma inflação temporária maior."

Nesse cenário, que o Niesr supõe que também seria "ordenado", o ministro vai perder quase todo o espaço para pegar emprestado os 30 bilhões de libras adicionais (US$ 39 bilhões) de que ele precisa para cumprir as promessas de gastos. Mesmo que o governo cumpra seu mandato fiscal sob um cenário de Brexit suave, ele não cumpriria a meta de médio prazo de equilibrar o orçamento sem aumentar os impostos, de acordo com o think tank.

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