Brexit: "É possível que o BC inglês suba juros para fortalecer a libra, mas dentro desse movimento de reacomodação", disse economista (Philippe Wojazer / Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2016 às 11h53.
Ribeirão Preto - A saída do Reino Unido da União Europeia (UE), conhecida como "Brexit", pode ajudar as exportações da agricultura brasileira, na avaliação do sócio e diretor da MacroSector Fabio Silveira. Segundo ele, a agropecuária inglesa é pequena e o Brasil pode ampliar as vendas externas ao Reino Unido, sem a pressão de outros países agrícolas da UE, como a França.
"A Inglaterra é uma potência financeira, mas a agricultura é fraca, o que é bom pra o Brasil, pois a saída favorece um acordo bilateral com a Inglaterra. Por outro lado, a Inglaterra é uma das apoiadoras da aproximação do Mercosul com a União Europeia, defensora do livre comércio, e vai ser ruim para o País perder esse apoio", disse Silveira.
Segundo o economista, o Reino Unido e a Inglaterra, em particular, devem buscar a formação de um bloco comercial com os Estados Unidos após a saída da UE, num movimento chamado por Silveira de "sinal trocado", já que os norte-americanos são ex-colônias dos ingleses.
"Prevaleceu entre os ingleses a mentalidade de ontem, com a perspectiva de anteontem e um sinal trocado. Os ingleses preferirão fundar bloco com os Estados Unidos, rejeitando a questão histórica e a integração com a Europa".
Esse possível bloco entre Inglaterra e Estados Unidos seria prejudicial ao Brasil, já que os ingleses dariam preferência, na avaliação do sócio da MacroSector, ao comércio com produtos norte-americanos.
Ainda segundo Silveira, o cenário de curto prazo será marcado por volatilidade, mas apenas por conta de uma reacomodação do fluxo de capital diante da decisão do Reino Unido.
"Reposicionamento com Brexit é diferente de crise causada pela Grécia no passado, por exemplo. Não há ameaça de um colapso financeiro, com a possibilidade de quebras de bancos", disse.
"É possível que o BC inglês suba juros para fortalecer a libra, mas dentro desse movimento de reacomodação", concluiu.