Economia

Brexit ameaça 17% de ativos bancários do Reino Unido, diz estudo

Os pesquisadores estimam que 35% da atividade bancária atacadista em Londres pode ser atribuída a negócios com clientes de dentro da UE

Londres: os bancos já estão discutindo com os órgãos reguladores europeus o estabelecimento de novas bases dentro da UE (Stefan Wermuth/Reuters)

Londres: os bancos já estão discutindo com os órgãos reguladores europeus o estabelecimento de novas bases dentro da UE (Stefan Wermuth/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2017 às 17h49.

Londres - Os bancos internacionais de Londres poderão ter que realocar 1,8 trilhão de euros (US$ 1,9 trilhão) em ativos para o continente depois que o Reino Unido deixar a União Europeia, colocando até 30.000 empregos britânicos em risco, segundo a empresa de pesquisa Bruegel, com sede em Bruxelas.

Os ativos que podem ser transferidos representam 17 por cento do sistema bancário do Reino Unido, afirmou a Bruegel em relatório publicado na quarta-feira.

Com base em discussões com participantes do mercado, os pesquisadores estimam que 35 por cento da atividade bancária atacadista em Londres pode ser atribuída a negócios com clientes de dentro da UE.

As empresas financeiras terão que transferir esses negócios a países que estão dentro do bloco comercial depois que o Reino Unido deixar a UE, em 2019, o que provavelmente significará o fim do chamado passporting, processo pelo qual as empresas atendem sem problemas o restante do mercado comum a partir de sua sede, em Londres.

Os bancos e seus clientes mostram maior preocupação com o chamado Brexit “beira do abismo”, no qual todo o acesso será eliminado após dois anos.

Para se protegerem contra essa perda de acesso, os bancos já estão discutindo com os órgãos reguladores europeus o estabelecimento de novas bases dentro da UE e disseram que iniciarão a transferência de pessoal semanas após o governo dar início às negociações do Brexit, o que é esperado para março.

“No mínimo, espera-se que as entidades com sede na nova UE27 precisarão ter conselhos autônomos, equipes de gestão sênior completas, gerentes de contas e traders seniores, embora boa parte do trabalho de bastidores possa continuar em Londres ou em outras partes do mundo”, disseram os pesquisadores, liderados por André Sapir, no relatório.

As empresas com sede em Londres provavelmente terão que transferir cerca de 10.000 funcionários a essas novas entidades na UE, estima a Breugel.

Um número adicional de 18.000 a 20.000 pessoas de profissões associadas, como advogados, consultores e contadores, também pode ter que ser realocado.

As estimativas da Bruegel estão na extremidade conservadora do espectro. A TheCityUK, uma associação do setor, prevê a realocação de até 35.000 empregos do setor bancário, número que sobe para 70.000 com a inclusão de serviços financeiros associados.

O CEO da Bolsa de Valores de Londres, Xavier Rolet, disse que 232.000 empregos provavelmente deixarão o Reino Unido com o Brexit.

O setor de serviços financeiros do Reino Unido gera até 205 bilhões de libras em receitas anualmente e emprega 1,1 milhão de pessoas, segundo relatório preparado pela empresa Oliver Wyman a pedido da TheCityUK.

O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, disse no mês passado que “parece que haverá uma transferência de empregos maior do que esperávamos”, enquanto o CEO do HSBC, Stuart Gulliver, disse que os profissionais responsáveis por gerar 20 por cento das receitas com investment banking de Londres podem se mudar para Paris.

Se os mercados financeiros da Europa -- atualmente centrados em Londres -- se fragmentarem pelos 27 países da UE, é provável que os custos dos empréstimos subam porque os bancos buscarão compensar as despesas maiores, apontou o estudo.

Isso poderá custar a famílias e corporações de dentro da UE um montante extra de 6 bilhões de euros a 12 bilhões de euros por ano, ou até 0,1 por cento do produto regional, estimam os pesquisadores da Bruegel.

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