Economia

Brasileiros aumentaram gastos em supermercados antes da quarentena

Pesquisa exclusiva da Kantar revela que compras subiram já em fevereiro, antes mesmo de os decretos de quarentena por coronavírus entrarem em vigor

Frequência: a ida aos hipermercados aumentou 7% durante a pandemia. (Thomas Kronsteiner/Getty Images)

Frequência: a ida aos hipermercados aumentou 7% durante a pandemia. (Thomas Kronsteiner/Getty Images)

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Clara Cerioni

Publicado em 1 de abril de 2020 às 16h25.

Última atualização em 2 de abril de 2020 às 02h51.

Os gastos dos brasileiros em hipermercados e atacarejos começaram a aumentar no Brasil já em fevereiro em razão do avanço da pandemia do novo coronavírus no mundo e da chegada da doença ao país, que registrou primeiro caso em 26 de fevereiro.

No mês, os consumidores aumentaram a frequência das compras e passaram a adquirir mais produtos. As vendas cresceram 4% e os gastos subiram 8% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os números são de uma pesquisa da consultoria Kantar obtida com exclusividade pela EXAME e revelam que, antes mesmo dos decretos de quarentena, que começaram a ser emitidos em março, a população já começava a se isolar.

“Muita gente já iniciava um movimento de trabalhar em casa e cozinhar mais vezes para economizar com entregas delivery no almoço. Por isso, estão comprando mais alimentos”, diz  Giovanna Fischer, diretora de marketing e insights da Kantar. A pesquisa foi feita com 11.300 famílias de todo o Brasil.

A frequência a um hipermercado ou atacarejo aumentou 7% em fevereiro. Os hábitos de consumo também estão mudando: 27% dos consumidores disseram buscar mais alimentos saudáveis e 23% estão comprando mais produtos de limpeza.

Dados de março, antecipados pela pesquisa à reportagem, mostram que cerca de 80% dos brasileiros estão saindo de casa somente para ir a supermercados e farmácias.

Nem todos aderiram ao comércio online. O delivery de alimentos e de produtos para a casa é uma opção apenas para 7% da população.

A pesquisa também aponta que mais de um quarto das pessoas (23%) está trabalhando de casa, o que traz impactos importantes no consumo. “Para quem faz home office, costuma haver uma queda no uso de xampu de 8%, já que muitas vezes a lavagem do cabelo é motivada por um compromisso de trabalho ou social”, afirma Fischer.

A quarentena poderá levar os homens a fazer menos a barba, com possíveis reflexos na procura por cremes de barbear e produtos voltados para o cuidado da pele masculina. Segundo a Kantar, 32% do público masculino cuida da barba antes de participar de reuniões de trabalho ou eventos sociais. Agora essas ocasiões passaram a ser mais raras. 

Os hidratantes para as mãos, por outro lado, poderão ter um aumento das vendas – 26,5% das pessoas que responderam à pesquisa dizem sentir a pele das mãos mais seca após as lavagens, um cuidado essencial para conter a propagação do coronavírus.

“Algumas categorias de produtos poderão experimentar um aumento nas vendas”, diz Fischer.

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