Rua 25 de março, no centro de São Paulo. (Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 22 de outubro de 2021 às 07h01.
Os brasileiros estão pessimistas em relação ao futuro econômico do Brasil. Para 42%, a economia não vai melhorar nos próximos seis meses, revela a mais recente pesquisa EXAME/IDEIA. Outros 21% acreditam que a situação será melhor no médio prazo, e 36% nem concordam nem discordam.
A pesquisa EXAME/IDEIA ouviu 1.295 pessoas entre os dias 18 a 21 de outubro. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A sondagem é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. . Clique aqui para ler o relatório completo.
As mulheres são as que mais acham que a economia não vai melhorar no próximo semestre (46%). Entre os homens, o pessimismo é de 37%. Por faixa etária, 45% dos jovens entre 18 e 24 anos acreditam que a situação não vai ser melhor no futuro, ante 40% de quem tem mais de 45 anos.
Maurício Moura, fundador do IDEIA, avalia que o sentimento negativo é ‘preocupante’. “É bastante gente com incertezas em relação ao futuro da economia. Isso tem uma correlação com aprovação do governo, 55% de quem avalia o governo ótimo ou bom acha que vai melhorar e quem avalia mal é justamente o contrário [66% ruim ou péssimo]”, diz.
Nesta semana, o governo federal anunciou o Auxílio Brasil, substituindo o Bolsa Família. Durante a abertura do Melhores e Maiores 2021, da EXAME, realizado nesta quarta-feira, 20, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o programa será transitório, até o fim de 2022, e o dinheiro virá do aumento da arrecadação. Ainda segundo Guedes, o valor será de 400 reais.
O pagamento começa já no próximo mês, assim que terminar o auxílio emergencial. Segundo a pesquisa EXAME/IDEIA, apenas 17% dos brasileiros sabem que o benefício criado na pandemia termina agora em outubro. Entre os entrevistados, 30% acham que ele vai até o fim deste ano, e 20% acreditam que irá até dezembro de 2022.
Entre analistas, o meio encontrado pelo governo para pagar o Auxílio Brasil pode se caracterizar como o furo do teto de gastos e, com isso, a expectativa é de que o descontrole fiscal prejudique o país. O temor fez o índice Ibovespa afundar quase 3% na quinta-feira, 21. Ou reflexo, foi o pedido de demissão dos secretários de Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt.
Na premiação do Melhores e Maiores, Guedes explicou que a equipe econômica tinha a intenção de aumentar o benefício social para 300 reais, com recursos vindos de duas fontes: a reforma do Imposto de Renda (IR), com a taxação de dividendos, e o parcelamento do pagamento dos precatórios. O problema foi que a proposta do IR empacou no Senado.
"Como não avançou no Senado o IR, é natural que o governo fique impaciente porque ele precisa cuidar dessas camadas mais vulneráveis. Vai se extinguir agora no fim deste mês o auxílio emergencial, e a gente não podia deixar desprotegidas as famílias mais vulneráveis. A fonte era a taxação sobre lucros e dividendos. Eu não achei inteligente fazer lobby contra a reforma do Imposto de Renda, mas é da democracia", afirmou