Petroleo: dados levantados pela ANP, a pedido da Reuters, mostraram que em 2015 havia 67 sondas de perfuração em operação no país (Thinckstock)
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2016 às 15h37.
Rio de Janeiro - A queda dos preços do petróleo e as fragilidades econômicas sofridas pela Petrobras , que lidera o ranking de petroleiras mais endividadas do mundo, causaram uma queda de quase 30 por cento no número de sondas de perfuração marítimas em operação no Brasil entre 2012 e 2015.
Dados levantados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a pedido da Reuters, mostraram que em 2015 havia 67 sondas de perfuração em operação no país, contra 92 unidades em 2012, 86 em 2013, 72 em 2014.
De meados de 2014 até agora, o preço do petróleo tipo Brent caiu mais de 70 por cento, para operar por volta dos 34 dólares por barril, trazendo prejuízos para o setor e obrigando petroleiras a cortar investimentos em todo mundo, com impacto na exploração de novas áreas, que possivelmente terá reflexos na produção futura do país.
O sócio de impostos do Centro de Energia e Recursos Naturais da Ernst & Young (EY) Marcio Oliveira destacou que o preço do petróleo na casa dos 30 dólares o barril leva investidores a postergarem investimentos.
Mas frisou que as dificuldades financeiras da Petrobras, que vão além dos preços, contribuem para o cenário.
"Estamos observando uma redução significativa dos investimentos (no Brasil) por conta do preço de petróleo e da dificuldade da Petrobras acompanhar os investimentos", afirmou.
Com a redução do número de sondas, o número de poços exploratórios concluídos em 2015 foi de 78 unidades, uma queda de 65 por cento ante 2012, de acordo com os dados da ANP.
Diante do cenário, as empresas estão buscando realizar poços exploratórios menos arriscados, como os que buscam delimitar ou ampliar uma reserva, destacou o coordenador do curso de Integração de Sismoestratigrafia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e geólogo de petróleo, Hernani Chaves.
Dessa forma, segundo ele, os poços pioneiros, realizados para testar a existência de petróleo ou gás, estão sendo postergados.
"Com o preço que está, não está muito agradável tentar novas aventuras, mas isso é no mundo inteiro, não só no Brasil", afirmou o especialista.
Ele ponderou que mesmo em momentos de baixos preços do petróleo, empresas globais precisam investir para garantir reservas para o longo prazo e o Brasil tem perdido investimentos para outros países por falta de competitividade.
"O Brasil está perdendo o bonde, porque com a imposição de 30 por cento da presença da Petrobras, eles não estão fazendo licitações no pré-sal", afirmou Chaves, explicando que a companhia estatal não tem fôlego financeiro atualmente para ampliar suas atividades na nova fronteira produtora.
Avanço da produção
Apesar da queda acentuada da atividade exploratória, o número de plataformas de produção em operação no país ficou praticamente estável, atingindo 127 unidades em 2015 ante 126 em 2012.
Segundo Chaves, a manutenção do número teve como contribuição a substituição das plataformas em operação em áreas maduras por unidades de produção no pré-sal brasileiro.
Dessa forma, a queda de poços de produção concluídos no período caiu apenas 3,8 por cento, para 529 unidades, segundo a agência reguladora.
As áreas do pré-sal mais do que compensaram o declínio de áreas maduras ou o encerramento de atividades de campos não rentáveis, destacou Chaves, o que permitiu que durante esse período houvesse um crescimento da extração de petróleo.
A produção média de petróleo em 2015 somou 2,437 milhões de barris de petróleo, alta de 18 por cento em relação a 2012, após pesados investimentos feitos em anos anteriores, segundo dados da ANP.