Economia

Brasil vê produção e exportação de soja recordes

Produção deve atingir um recorde de 117,4 milhões de toneladas, permitindo ao país embarcar neste ano o maior volume da commodity em toda a história

Soja: nova previsão para a produção de soja em 2018 supera tanto as 114,7 milhões consideradas em março quanto as quase 114 milhões do ano passado (Lucas Ninno/Getty Images)

Soja: nova previsão para a produção de soja em 2018 supera tanto as 114,7 milhões consideradas em março quanto as quase 114 milhões do ano passado (Lucas Ninno/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 10 de abril de 2018 às 13h36.

Última atualização em 10 de abril de 2018 às 14h27.

São Paulo - A produção de soja do Brasil em 2018 deve atingir um recorde de 117,4 milhões de toneladas, permitindo ao país embarcar neste ano o maior volume da commodity em toda a história, projetou o grupo da indústria Abiove, em meio à quebra de safra da Argentina e à disputa entre China e EUA que favorecem a exportação do produto nacional.

A nova previsão para a produção de soja em 2018 supera tanto as 114,7 milhões consideradas em março quanto as quase 114 milhões do ano passado, informou a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) nesta terça-feira.

Com o aumento da safra, os embarques do maior exportador global de soja foram estimados agora pela Abiove em 70,4 milhões de toneladas, superando a previsão anterior (68 milhões) e o recorde do ano passado, de 68,15 milhões.

"Essa exportação reflete a janela que se abriu com a Argentina sendo menos agressiva, e os preços melhores, com o fortalecimento do mercado de prêmio (da soja brasileira sobre a cotação de Chicago)", disse o secretário-executivo da Abiove, Fábio Trigueirinho, em entrevista à Reuters, referindo-se à alta dos preços por fatores como China-EUA e Argentina.

Os problemas no país vizinho, terceiro maior produtor mundial e que está vendo sua produção ficar 15 milhões de toneladas abaixo do potencial, devem fazer com que compradores internacionais se voltem mais à soja brasileira.

Dentre eles está a China, cujo apetite pelo produto nacional pode ser ainda maior em razão da aplicação de taxas sobre a commodity dos Estados Unidos, anunciadas recentemente como retaliação a tarifas impostas pela administração do presidente norte-americano, Donald Trump, sobre bens chineses.

"Essa previsão de exportação leva em conta (o fator China) parcialmente", ressaltou o executivo, acrescentando que, em relação aos preços, o impacto da medida chinesa é "imediato".

Esse cenário de exportações mais fortes pelo Brasil deve levar o setor a faturar 36 bilhões de dólares neste ano com vendas ao exterior de soja em grão, farelo e óleo. O montante supera com folga os 31,7 bilhões de 2017, bem como os 32,4 bilhões previstos em março, diante de preços mais altos do produto brasileiro.

A Abiove agora estima que o preço médio da soja exportada pelo Brasil em 2018 será de 410 dólares por tonelada, ante 380 na previsão de março e 377 dólares em 2017.

"A cotação me surpreendeu e mexemos nas quantidades... Bom que estamos com a safra boa, o ruim é quando não tem safra para atender a demanda, temos condições de exportar bastante, estamos em situação mais cômoda."

A soja é o principal produto da pauta de exportação do Brasil. Com tal cenário, afirmou Trigueirinho, o produto vai aumentar sua contribuição para a balança comercial do país. Apenas a exportação do grão é estimada em 28,8 bilhões de dólares, ante 25,7 bilhões no ano passado.

A ver

Ele comentou, no entanto, que no caso de uma efetivação da taxa chinesa sobre a soja dos EUA, o Brasil - mesmo com safra maior - não terá como atender toda a demanda do país asiático, o maior importador global.

No ano passado, os chineses compraram cerca de 54 milhões de toneladas de soja brasileira de um total de 68 milhões que o Brasil exportou em 2017. Ao todo, os chineses compraram mais de 95,5 milhões de toneladas de todas as origens em 2017.

Trigueirinho concordou que haverá também mudança de destinos da soja nacional e dos EUA.

"Com certeza, vai haver essa modificação do 'share', vamos aumentar o 'share' no mercado chinês e diminuir em outros lugares. Os EUA, ao contrário...", disse ele, comentando que o produto norte-americano ficou mais competitivo para compradores de fora da China.

A revisão para cima na safra nacional se segue à de outras consultorias e da própria Companhia Nacional de Abastecimento, que têm citado rendimentos acima do esperado conforme a colheita se desenrola.

Questionado sobre um eventual aumento de plantio para a próxima safra fundamentado na maior demanda da China, o secretário-executivo da Abiove afirmou que isso ainda vai depender da implementação das tarifas pelos chineses.

"É difícil falar como vai terminar essa briga (dos EUA com China). Se permanecer a tarifa, pode ser (que aumente a área). Dependemos da duração dessa briga entre os dois e da manutenção dessa medida. O dia que eles se entenderem, o mercado vai voltar, é mais uma situação criada do que uma situação normal."

Nesta terça-feira, o presidente da China, Xi Jinping, prometeu abrir mais a economia do país e reduzir tarifas de importação sobre produtos como carros, em um discurso visto como uma tentativa de acalmar a disputa comercial com os Estados Unidos.

 

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