Economia

Krugman: Brasil pagou preço de real valorizado

Prêmio Nobel de economia também disse que FED deu passo importante com novo estímulo


	Paul Krugman: Brasil passa por uma versão miniatura do que aconteceu nos Estados Unidos
 (Marcelo Spatafora)

Paul Krugman: Brasil passa por uma versão miniatura do que aconteceu nos Estados Unidos (Marcelo Spatafora)

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Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2012 às 12h03.

São Paulo – A crise econômica que teve início entre 2007 e 2008 e reflete agora não foi uma exclusividade dos Estados Unidos, mas sim uma crise dos “países do Atlântico”, como defendeu hoje o prêmio Nobel de economia Paul Krugman, ao participar do EXAME Fórum.

Cada região, porém, teve seus problemas particulares. Nos Estados Unidos, o ponto principal da crise é a dívida das famílias. Segundo Krugman, o país já tem uma história de endividamento, mas que só estourou em certo ponto. “Costumo comparar a crise com um desenho animado: o personagem só cai do penhasco quando olha para baixo. Com a crise, foi isso que aconteceu”, disse Krugman, ao afirmar que o endividamento das famílias já fazia parte da história dos Estados Unidos.

Já na Europa, um dos principais agravantes da crise, na opinião de Krugman, é a questão de que existe uma moeda única sem um governo único.

Brasil

Krugman falou que um dos principais problemas no Brasil foi o fortalecimento do real por um período. Na segunda metade de 2007, quando a crise já começou, mas ainda não era muito forte, o dinheiro já procurava outros rumos, e um deles foi o Brasil. Isso criou um real muito mais valorizado do que poderia ser por motivos reais.

“A indústria perdeu competitividade e o Brasil não estava preparado para lidar com isso”, disse Krugman. Para ele, uma moeda muito valorizada e a indústria pouco competitiva colocam um preço para a economia pagar. 


Sobre o cenário atual, ele diz que o país está passando por um momento importante em relação a dívidas das famílias. “É como uma versão miniatura do que aconteceu nos Estados Unidos”, disse. “Meu palpite – e espero estar certo – é que não é tão grave quanto o que aconteceu”, afirmou.

Estímulos

Krugman ressaltou que algo básico no cenário de crise seria o Federal Reserve reduzir juros e estimular a economia. “E foi isso que ele fez, mas a taxa já estava a zero e não há como trabalhar com taxas negativas”, disse Krugman.

Ele defendeu que o importante agora é mostrar que os estímulos vão continuar mesmo sem uma situação de crise e foi isso que aconteceu ontem com o anúncio de um novo incentivo. O Federal Reserve informou que vai comprar 40 bilhões de dólares em dívida hipotecária por mês, o que na opinião de Krugman, ainda é pouco.

O interessante da medida, afirmou ele, é que o banco central dos Estados Unidos fará as compras até que as perspectivas de emprego melhorem substancialmente.

Krugman defendeu que uma maneira de conseguir tração na economia é convencer as pessoas de que o governo vai manter uma politica monetária mesmo depois que a crise passar. “Ontem, parece que Bernanke (presidente do FED) concedeu isso”, disse.

Eleições americanas

Independente do que acontecer, as eleições nos Estados Unidos serão um fator de grande peso no desempenho da economia.

Para Krugman, se Barack Obama vencer, tudo vai depender se ele terá maioria na Câmara dos Representantes, hoje dominada pelos republicanos. Caso o atual presidente tenha um segundo mandato (e Krugman acredita que esse é um cenário provável) e consiga maioria, deve obter êxito em realizar estímulos na economia.

Sobre o candidato da oposição Mitt Romney, Krugman destacou que o político criticou ontem a decisão do Federal Reserve, algo que não é comum. “Me parece que se Romney vencer, o FED será reduzido”, afirmou.

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