Economia

"Brasil vai na direção contrária", diz ministro sobre comércio

Ministro do Comércio Exterior se disse preocupado com as taxações anunciadas por Donald Trump nos EUA

Marcos Jorge, ministro do MDIC (José Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

Marcos Jorge, ministro do MDIC (José Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de março de 2018 às 13h15.

Brasília - O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), Marcos Jorge, disse que é possível observar o crescimento de um sentimento anticomércio em vários lugares do mundo.

"O Brasil está caminhando na direção contrária, de maior abertura por meio de acordos comerciais e desburocratização do comércio", afirmou. A seguir, principais trechos da entrevista.

Como o sr. vê a decisão dos Estados Unidos de sobretaxar as exportações brasileiras de aço e alumínio? É um ataque à indústria brasileira? Qual deverá ser a reação do governo brasileiro na sua opinião?

Vejo com preocupação. Vamos observar a extensão dessa decisão, se e quando for publicada, para definir quais serão as medidas adotadas pelo governo brasileiro. Estive na terça-feira com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, que me garantiu que, no caso de aplicação de uma medida que afete a indústria brasileira, haverá possibilidade de recurso. A expectativa é trabalhar para evitar aplicação dessa sobretaxa, uma vez que o comércio bilateral de produtos siderúrgicos é complementar.

Setores da indústria brasileira estão preocupados com o aumento do protecionismo nos Estados Unidos e no impacto disso nas nossas exportações. Como o sr. vê esse cenário?

É possível observar o crescimento de um sentimento anticomércio em vários lugares do mundo. O Brasil está caminhando na direção contrária, de maior abertura por meio de acordos comerciais e desburocratização do comércio. Estamos, porém, atentos ao crescimento do número de medidas comerciais que afetam exportações brasileiras.

Recentemente, a Camex (Câmara de Comércio Exterior) resolveu não aplicar medida antidumping em importação de aço alegando interesse público. Na sua opinião, essa deverá ser uma tendência para as próximas decisões?

O Conselho de Ministros da Camex deu um recado claro: não tolerará importações desleais que possam desestruturar a indústria brasileira. Por esse motivo, determinou que as importações continuem sob monitoramento. A suspensão de medidas de defesa comercial por interesse público é um recurso legítimo, mas que deve ser usado de forma excepcional, e não como regra. A regra é a aplicação dessas medidas sempre que comprovada a ocorrência de práticas contrárias às normas do comércio internacional.

Como o sr. vê o futuro da indústria brasileira e que medidas de defesa comercial terão nos próximos anos?

O futuro da indústria depende diretamente do aprimoramento das condições de produtividade no País e não tem uma relação direta com o papel da defesa comercial, que é combater as práticas desleais de comércio. Nós entendemos que país forte tem indústria forte, especialmente nos setores que envolvem estratégia, tecnologia e inovação. Já a defesa comercial continuará sendo um instrumento indispensável neste momento de maior exposição à concorrência internacional.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Comércio exteriorDonald TrumpEstados Unidos (EUA)MDIC

Mais de Economia

Pobreza atingiu 52,9% da população argentina no primeiro semestre

BC monitora impacto das bets na inadimplência, diz Campos Neto

Ipea revisa projeção de inflação pelo IPCA de 4% para 4,4% em 2024

Petrobras reduz em 9,1% preço do querosene de aviação