Trecho de floresta no Pará (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 27 de maio de 2024 às 16h18.
Última atualização em 28 de maio de 2024 às 14h15.
Os investimentos globais para conter as mudanças climáticas devem demandar entre US$ 100 trilhões e US$ 150 trilhões de dólares nas próximas três décadas. Deste montante, até US$ 3 trilhões podem ser direcionados ao Brasil, aponta um estudo do BCG (Boston Consulting Group).
O levantamento foi apresentado nesta segunda-feira, 27, durante o Brazil Climate Summit Europe, em Paris. O evento busca atrair investimentos verdes ao país, e é realizado pela primeira vez na Europa.
“O Brasil tem potencial para se tornar um centro global de soluções climáticas, com oportunidades de investimento estimadas entre US$ 2 trilhões e US$ 3 trilhões, especialmente em setores como energia renovável, agricultura sustentável e produtos industriais verdes", diz Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG.
Como comparação, o PIB do Brasil em 2023 foi de US$ 2,17 trilhões de dólares. Ou seja: o volume de investimentos poderia representar tudo o que a economia brasileira produz em um ano.
"Estamos vendo progresso na atração de investimentos internacionais e soluções inovadoras de ‘blended finance’, mas o Brasil ainda precisa aumentar muito a participação do investimento do setor privado para atingir a neutralidade de carbono", prossegue Ramos.
Outra razão de otimismo, segundo ele, são as atuações do Brasil como presidente temporário do G20, neste ano, e como sede da COP30, em 2025.
Os gastos estimados em mais de US$ 100 trilhões se referem à gastos para adoção de energia renovável, biomassa e biocombustíveis, fim do desmatamento, agricultura sustentável, compensação de carbono, eletrificação e hidrogênio verde, entre outros.
Para chegar aos valores potenciais de investimento, foram analisados o tamanho das reduções necessárias de emissões para atingir as metas de cada país, e os caminhos para isso. Por exemplo: para reduzir emissões com transporte, será preciso adotar combustíveis menos poluentes. O estudo estão estima quanto será necessário investir para que esta transição aconteça.
"Mais ou menos 50% das nossas emissões, historicamente, vem de perda de florestas. Então temos bastante investimento a ser feito nessa área mas, proporcionalmente, o investimento é muito menor do que o ganho que você tem em [redução] de emissões", aponta Ricardo Pierozzi, sócio e diretor executivo do BCG.
Pierozzi aponta ainda que o Brasil pode ter vantagens ao se posicionar como um exportador de energia limpa. No entanto, o país ainda precisa resolver entraves. "Vejo muito interesse de investidores estrangeiros, mas também preocupações. 'Como eu destravo isso?'. 'Como eu garanto que o meu investimento vai funcionar?'. Isso passa por garantir segurança jurídica, regulamentar mercados de carbono e garantir estímulo para algumas indústrias e tecnologias", aponta.