Mulher olha avisos de emprego em São Paulo: desemprego está subindo rapidamente (Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 7 de julho de 2016 às 13h17.
São Paulo - O Brasil terá o pior resultado de emprego em 2016 entre 43 países, de acordo com um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) publicado nesta quinta-feira.
A previsão é que o saldo de contratações menos demissões nesse ano fique negativo em -1,6% após estagnação em 2015.
Só outros 4 países na lista também terão saldo negativo em 2016: Finlândia (-0,1%), Portugal (-0,3%), Estônia (-0,4%) e Costa Rica (-0,9%).
A previsão é que nossa taxa de desemprego, que estava em 8,5% no final de 2015, salte para 11,3% no final de 2016.
O saldo de emprego voltaria a ficar positivo em 2017, em 0,7%, mas ainda assim o desemprego chegaria a 11,6% no final do ano.
O relatório de hoje traz dados dos 35 países da organização, em sua grande maioria desenvolvidos, e de mais 9 economias, incluindo Brasil e China.
Nossa taxa de desemprego é atualmente maior do que em países como Colômbia (9,1%) e na média da zona do euro (10%), mas fica abaixo de outros como Espanha (19,3%) e África do Sul (26,5%).
A previsão para o mundo é mais otimista do que para o Brasil. A expectativa é que o rombo no nível de emprego nos países desenvolvidos seja finalmente fechado em 2017, uma década depois da crise.
O déficit de postos de trabalho nos membros da OCDE caiu de 20 milhões no início de 2010 para 5,6 milhões em 2015, mas isso não se traduziu na volta do ritmo de crescimento dos salários.
"O progresso lento no remendo do mercado de trabalho é resultado de uma economia presa em uma armadilha de crescimento baixo caracterizada por investimento baixo, ganhos de produtividade anêmicos e criação fraca de empregos com salários estagnados", diz o texto.
Recessão no Brasil
No início de junho, a OCDE divulgou um relatório prevendo queda do PIB no Brasil de 4,3% este ano e de 1,7% em 2017.
É o pior resultado entre todas as economias analisadas e mais pessimista do que a média do mercado brasileiro na época, que já previa a volta do crescimento no ano que vem.
“As profundas divisões políticas têm reduzido as chances de qualquer impulso notável sobre as reformas políticas no curto prazo e a dívida pública bruta continua a aumentar. Melhorias na confiança dependerão da capacidade das autoridades de implementar um ajuste fiscal significativo, incluindo medidas para garantir a sustentabilidade do sistema de pensões, e uma nova onda de reformas estruturais”, apontava o documento.
"O Brasil precisa deixar as dificuldades polÍticas para trás e pensar no que vai precisar para os próximos 10 ou 15 anos", disse o alemão Jens Arnold, representante para o Brasil da OCDE, em entrevista para EXAME.com em março.