Economia

Brasil tem maior risco de contágio em emergentes, diz Fitch

Segundo a agência, o país representa uma ameaça maior de contágio para os mercados financeiros globais do que outras economias emergentes


	Sede da Fitch: “o Brasil tem sido muito popular como país emergente, então investidores estão sendo muito cuidadosos", diz a agência
 (Brendan McDermid/Reuters)

Sede da Fitch: “o Brasil tem sido muito popular como país emergente, então investidores estão sendo muito cuidadosos", diz a agência (Brendan McDermid/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2015 às 20h26.

Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - O Brasil representa uma ameaça maior de contágio para os mercados financeiros globais do que outras economias emergentes, ofuscando de longe a Rússia e a China, disse a agência de classificação de risco Fitch nesta quarta-feira, antecipando alguns pontos de uma pesquisa com investidores de renda fixa europeus que ainda será divulgada.  

Os investidores, que gerenciam estimados 7,8 trilhões de euros em ativos, consideraram desequilíbrios econômicos, desafios políticos e taxas de juros dos EUA para selecionar as duas maiores ameaças de contágio dentre uma lista de cinco grandes mercados emergentes, que inclui também Turquia e Índia.  

Dentre os entrevistados, 76 por cento selecionaram o Brasil, enquanto 38 por cento escolheram a Rússia e 36 por cento, a China. Turquia e Índia foram selecionadas por 30 e por 7 por cento dos entrevistados, respectivamente.  

Embora os investidores não tenham detalhado os motivos para suas escolhas, as analistas da Fitch Shelly Shetty e Monica Insoll notaram que os estrangeiros possuem pesados investimentos em dívida brasileira em um momento no qual o país enfrenta severas adversidades econômicas.  

Uma esperada recessão, aliada à crescente inflação e déficits orçamentários, dificulta a tarefa da presidente Dilma Rousseff de cumprir as metas fiscais, colocando em risco a cobiçada classificação de grau de investimento da dívida soberana do Brasil.

Uma crescente crise política, relacionada ao escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, também enfraqueceu a presidente e levantou dúvidas sobre sua capacidade de aprovar medidas de austeridade no Congresso.  

As companhias brasileiras também sentem a limitação imposta pela forte dependência da dívida em dólar, em um momento no qual as taxas de juros estão subindo no país e no exterior, disseram as analistas.  

Além disso, investidores recentemente aumentaram a exposição em dívida corporativa brasileira, o que explica o crescente desconforto sobre o futuro da maior economia da América Latina.  

“O número de questionamentos que temos tido de todos os tipos de investidores a respeito da opinião da Fitch sobre o risco brasileiro e latino-americano disparou”, disse Monica Insoll em entrevista por telefone.

“O Brasil tem sido muito popular como país emergente, então investidores estão sendo muito cuidadosos na hora de tentar quantificar seus riscos.” A pesquisa da Fitch será divulgada ainda neste mês.

Texto atualizado às 20h26
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