Há 32,9 milhões de trabalhadores subutilizados no Brasil, recorde da série histórica. (Paulo Whitaker/Reuters)
Ligia Tuon
Publicado em 30 de setembro de 2020 às 09h24.
Última atualização em 30 de setembro de 2020 às 10h14.
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 13,8% nos três meses até julho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
A taxa, que é a maior da série histórica, iniciada em 2012, representa um aumento de 1,2 ponto percentual ante o trimestre anterior, que foi de fevereiro a abril (12,6%). Já em comparação com o mesmo trimestre de 2019 (11,8%), a alta é de 2 p.p.
O resultado veio ligeiramente acima da mediana das previsões coletadas em pesquisa da Reuters, que apontava para uma taxa ficaria em 13,7% no período.
Segundo o IBGE, há 13,1 milhões de pessoas desocupadas no país, um avanço de 4,5% (561 mil pessoas) em relação ao mesmo período de 2019. Por desocupados, o instituto considera as pessoas que estão a procura de uma colocação no mercado de trabalho.
Já o contingente formado pela população ocupada perdeu 7,2 milhões pessoas, indo a 82 milhões, o menor contingente da série, numa queda de 8,1% em relação ao trimestre anterior, e 12,3% (menos 11,6 milhões) frente ao período de maio a julho de 2019.
O nível de ocupação também foi o mais baixo da série, atingindo 47,1%, caindo 4,5 pontos frente ao trimestre anterior e 7,6 pontos contra o mesmo trimestre de 2019.
“Os resultados das últimas cinco divulgações mostram uma retração muito grande na população ocupada. É um acúmulo de perdas que leva a esses patamares negativos”, disse a gerente da pesquisa, Adriana Beringuy.
No auge da pandemia, houve um forte movimento de pessoas que estavam desempregadas ou perderam trabalho em direção à população fora da força, ou seja, aquele grupo que estava sem trabalho e não buscava uma vaga. Com a flexibilização das medidas de isolamento social, muitas pessoas estariam se encorajando a voltar a buscar uma vaga no mercado de trabalho.
A população fora da força de trabalho atingiu o recorde da série e chegou a 78,956 milhões de pessoas - mais 8 milhões em relação ao trimestre anterior e mais 14,1 milhões frente ao mesmo trimestre de 2019.
Entretanto, o aumento foi menor do que no trimestre encerrado em junho, quando o ganho foi de 10 milhões de pessoas.
"A população fora da força aumentou muito, mas em julho, aumentou menos. Isso pode indicar um certo retorno das pessoas ao trabalho. Os movimentos ainda são discretos no comparativo com todo o período, mas é um indicativo”, explicou Beringuy.
Entre maio e julho deste ano, a taxa de subutilização atingiu 30,1%, um recorde da série, o que representa um aumento de 4,5 p.p. ante o trimestre móvel anterior (25,6%) e 5,6 p.p. frente ao mesmo período do ano passado (24,6%).
Há 32,9 milhões de trabalhadores subutilizados no Brasil, o que também é um recorde.
Esse contingente — formado de desocupados, subocupados com menos de 40 horas semanais e os que estão disponíveis para trabalhar, mas não conseguem procurar emprego por motivos diversos —, teve um aumento de 14,7% frente ao trimestre anterior, o que significa 4,2 milhões de pessoas a mais. Em relação ao mesmo trimestre de 2019, o avanço foi de 17% (mais 4,8 milhões de pessoas).