Dólar dos EUA: Brasil registrou saída líquida de 5,850 bilhões de dólares em agosto (Scott Eells)
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2013 às 16h59.
São Paulo/Brasília - O Brasil registrou saída líquida de 5,850 bilhões de dólares em agosto, o maior déficit para o mês em 15 anos, resultado do forte saída de recursos da conta financeira para o pagamento de empréstimos contratados por bancos no exterior em meados de 2011 que venceram no mês passado.
A conta financeira --por onde passam os investimentos estrangeiros em portfólio, diretos, entre outros-- registrou saída líquida de 3,992 bilhões de dólares em agosto, enquanto a saída líquida pela conta comercial foi de 1,858 bilhão de dólares, informou o Banco Central nesta quarta-feira.
"Ainda é cedo para dizer se a tendência persiste nos próximos meses. Esse foi um mês atípico", afirmou o economista da Rosenberg Associados, Rafael Bistafa. "A tendência é de saída leve a moderada com alguma volatilidade dependendo operações pontuais", emendou Bistafa.
O resultado do mês é o pior para meses de agosto desde 1998, quando saíram do país 11,786 bilhões de dólares, num momento em que o país passava por forte turbulência diante da crise da Rússia que acabou levando à desvalorização do real seis meses mais tarde. É também a maior saída líquida desde dezembro do ano passado, quando o Brasil teve déficit de 6,755 bilhões de dólares.
Bancos Quitam Empréstimos no Exterior
O fluxo cambial ficou negativo em 3,102 bilhões de dólares na semana passada, também devido a uma forte saída de recursos pela conta financeira.
A conta financeira contabilizou saída líquida de 2,789 bilhões de dólares na semana passada, dos quais 2,085 bilhões de dólares apenas no dia 26 de agosto. Já a conta comercial teve déficit de 313 milhões de dólares entre os dias 26 e 30 de agosto.
É a segunda semana consecutiva de fortes saídas de recursos. Na semana de 19 a 23 de agosto, o déficit foi de 2,470 bilhões de dólares, mas dessa vez puxado pela conta que registra as movimentações comerciais.
As fortes saídas de recursos nas duas últimas semanas decorrem, de acordo com uma fonte do governo que acompanha o assunto, do pagamento de empréstimos elevados contratados por bancos no exterior em meados de 2011 e que venceram em agosto.
Em janeiro de 2011, em meio ao anúncio de medidas macroprudenciais, o BC limitou em 3 bilhões de dólares a posição vendida dos bancos. Em julho do mesmo ano, este limite foi reduzido para 1 bilhão de dólares.
Para cumprir esse teto, as instituições financeiras recorreram a linhas de crédito no exterior em uma época em que essas operações eram tributadas em 6 por cento pelo Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos empréstimos externos com prazo igual ou menor que dois anos.
Conforme explicou a fonte, para escapar da tributação, os bancos fizeram empréstimos com prazos de 2 anos e 1 dia ou dois anos e poucos dias entre agosto e julho de 2011, em operações que venceram em agosto e que foram quitadas nos últimos dias.
"Essas saídas das duas últimas semanas não tem a ver com fuga de capitais. O motivo é a quitação de empréstimos contratados entre julho e agosto de 2011 e que venceram agora", disse a fonte, acrescentando que essas fortes saídas não ocorrerão nos próximos meses.
No ano, o fluxo cambial ainda está positivo, em 2,238 bilhões de dólares -- 90 por cento inferior ao saldo de 22,989 bilhões de dólares em igual período de 2012.
A posição cambial dos bancos em agosto ficou vendida em 4,190 bilhões de dólares, segundo o BC.