Economia

Brasil tem a maior queda na força de trabalho entre o G-20

No Brasil, o desemprego baixo chama a atenção, mas, de fato, a taxa de brasileiros que estavam empregados foi de apenas 57,8%


	Procura de emprego: no resto do mundo, a OIT alerta que os indicadores tímidos de crescimento na economia foram insuficientes para reverter a crise no trabalho
 (REUTERS/Rick Wilking)

Procura de emprego: no resto do mundo, a OIT alerta que os indicadores tímidos de crescimento na economia foram insuficientes para reverter a crise no trabalho (REUTERS/Rick Wilking)

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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2014 às 08h47.

Genebra - O Brasil é a economia do G-20 que registrou a maior queda no número de pessoas que de fato são economicamente ativas no último ano. Dados divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam que o Brasil tem o quinto menor índice de desemprego entre os países do G-20.

Mas o país é um dos exemplos, ao lado de Argentina, Espanha e Estados Unidos, de economias que viram essa taxa cair não por causa de um maior número de vagas no mercado, mas por uma queda na taxa de participação na população economicamente ativa.

O índice de desemprego representa a parcela da população que está sem trabalho. Mas, ainda assim, está em busca um emprego. Aqueles que nem trabalham nem buscam uma vaga não são contabilizados.

O informe da OIT foi preparado para a reunião dos ministros do Trabalho do G-20 nesta semana na Austrália. A constatação da entidade é de que o mundo perdeu uma década em termos da luta contra o desemprego e a crise será sentida pelo menos até 2018.

Segundo o informe, a taxa de desemprego no Brasil no primeiro trimestre deste ano foi de apenas 4,9%, a quinta menor entre os países que fazem parte do G-20. A taxa está muito distante dos 25,3% de desemprego na Espanha e 24% na África do Sul. Mas o que chama a atenção da OIT é que, em março de 2014, 60,8% da população participava do mercado de trabalho.

Em 12 meses, o índice recuou 1,6%, a maior queda entre todas as economias avaliadas. Em mercados como o do México, Coreia do Sul e África do Sul, a taxa de participação aumentou em até 1%.

De fato, a taxa de brasileiros que estavam empregados foi de 57,8%, com uma redução de 1,2% em comparação ao mesmo período de 2013. A queda também é a maior entre todas as economias do G-20.

Para a próxima década, porém, o crescimento populacional no Brasil pode ajudar. Entre 2010 e 2020, a previsão é de que o país tenha uma expansão de sua população de 1,3% ao ano. Mas, entre 2020 e 2030, o aumento seria de apenas 0,6%.

Prolongação

No restante do mundo, a OIT alerta que os indicadores tímidos de crescimento na economia foram insuficientes para reverter a crise no trabalho. Para a entidade, a crise que assolou o mundo em 2008 poderá começar a ser superada apenas em 2018. O número de pessoas empregadas nos países em 2008 - cerca de 450 milhões de pessoas - somente voltaria a ser registrado em 2018.

Para a OIT, o atual modelo de crescimento não favorece a criação de postos de trabalho. Para que isso ocorra, a entidade vai apelar aos ministros que adotem políticas para aumentar a demanda e o consumo interno de suas economias.

Mas, por enquanto, o que se registra são salários estagnados ou até uma redução da renda do trabalhador. A desigualdade em diversos mercados aumentou e, mesmo onde há um aumento do salário, ele não acompanha a produtividade.

Entre os emergentes, a alta salarial que não ficava abaixo de 5,6% a cada ano desde 2010 registrou em 2013 perda de força. No ano passado, o aumento de renda foi de 4,9% entre os emergentes e, na China, a expansão foi nula. Nos países ricos, a elevação foi de mero 0,3%, gerando uma média de 1,9% no G-20, a mais baixa desde 2009.

Além do número de desempregados, a OIT alerta que 447 milhões de trabalhadores nas economias emergentes do G-20 não ganham nem mesmo para sobreviver. A taxa é metade do número que se registrava em 1991. Mas, ainda assim, representa um desafio social.

A OIT ainda aponta que metade de todos os trabalhadores do mundo são pobres ou estão no limite da linha da pobreza, aproximadamente 837 milhões de pessoas no mundo em desenvolvimento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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