Economia

Brasil será menos impactado por políticas do Trump, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central ressaltou que presidência trumpista pressiona o dólar em países emergentes

Campos Neto: presidente do Banco Central vê impacto limitado das políticas de Trump no Brasil (Lula Marques/Agência Brasil)

Campos Neto: presidente do Banco Central vê impacto limitado das políticas de Trump no Brasil (Lula Marques/Agência Brasil)

Agência o Globo
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Publicado em 14 de novembro de 2024 às 17h35.

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira, 14, que a economia brasileira deve ser menos afetada pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos do que outros países emergentes. De saída do cargo nas próximas semanas, o chefe da autoridade monetária destacou que, embora um dólar mais forte impacte os mercados emergentes, o Brasil está relativamente distante das questões que afetam diretamente países como China e México, especialmente no contexto das políticas comerciais e imigratórias.

“Eu fiz o alerta no Banco Central de que não achava que todos os países iam reagir da mesma forma. Você tem a questão da China, do México, por causa do Nafta, mas o Brasil está muito distante disso”, afirmou Campos Neto.

“Claro, se você tem um dólar forte, isso afeta todos os mercados emergentes, mas minha visão é de que o Brasil será menos afetado.” Campos Neto participou no início da tarde, por videoconferência, do painel The Future of Brazil (O Futuro do Brasil) durante o 12º Annual Summit do Valor Capital Group.

Perspectivas de impacto no Brasil

O presidente do BC ressaltou que as principais políticas prometidas por Trump para imigração, fiscal e comércio exterior trazem uma perspectiva inflacionária para os Estados Unidos, o que foi amplamente debatido às vésperas da eleição americana.

Campos Neto alertou sobre a política fiscal brasileira, destacando que o aumento de gastos sociais eleva o prêmio de risco — o retorno que investidores exigem para investir em ativos mais arriscados —, o que, por sua vez, leva a uma política fiscal mais contracionista e a menos crescimento.

“Eventualmente, você atinge um ponto em que temos um prêmio de risco tão alto que, ao diminuí-lo, temos uma chance mais alta de expansão das condições financeiras”, destacou.

Legado e desafios futuros

Campos Neto ressaltou que, após a crise da Covid-19, o Brasil saiu com uma dívida e taxa de juros mais altas, o que aumentou o custo de rolagem da dívida e gerou efeitos cumulativos no mercado.

Ao refletir sobre os seis anos à frente do Banco Central, Campos Neto destacou a autonomia da instituição e o avanço na agenda digital como marcos importantes de sua gestão.

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