Economia

Brasil segue aplicando ações restritivas ao comércio, diz UE

Comissão Europeia alertou que Brasil segue aplicando um grande número de medidas restritivas ao comércio e pediu mais esforços contra protecionismo


	Bandeiras da União Europeia: "temos que nos ater a nosso compromisso e lutar contra o protecionismo", disse organização em comunicado
 (François Lenoir/Reuters)

Bandeiras da União Europeia: "temos que nos ater a nosso compromisso e lutar contra o protecionismo", disse organização em comunicado (François Lenoir/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2013 às 10h58.

Bruxelas - A Comissão Europeia alertou nesta segunda-feira que o Brasil e a Argentina seguem aplicando um grande número de medidas restritivas ao comércio, por isso pediu mais esforços globais para combater o protecionismo e apoiar o "frágil" crescimento econômico mundial.

"Todos nós temos que nos ater a nosso compromisso e lutar contra o protecionismo", disse em comunicado o comissário europeu de Comércio, Karel De Gucht.

O representante da comissão frisou que se chegou há muito tempo no G20 (formado pelos países mais industrializados do mundo) a um acordo "para evitar as tendências protecionistas", que segundo ele "só prejudicam a recuperação global a longo prazo".

A Comissão Europeia publicou hoje seu décimo relatório sobre práticas que potencialmente significam impedimentos ao livre-comércio mundial no contexto da crise econômica e financeira.

Em particular, o texto destacou que as economias emergentes lideradas pela Argentina, Brasil, Índia, Indonésia, Rússia, China e, recentemente, África do Sul e Ucrânia, "continuaram aplicando o maior número de potenciais medidas restritivas para o comércio".

O estudo, que avaliou o período entre 1º de maio de 2012 e 31 de maio de 2013, identifica 150 novas restrições enquanto apenas 18 medidas desse tipo deixaram de existir.

Aproximadamente 700 novas medidas restritivas foram identificadas desde outubro de 2008, quando Bruxelas começou a fazer um acompanhamento das tendências protecionistas no mundo.

Embora este viés tenha se desacelerado em comparação com 2011 e 2012, e apesar dos sinais de recuperação da economia global, "houve um preocupante aumento" de medidas que perturbam em grande medida o comércio.


"É preocupante ver que seguem se adotando tantas medidas restritivas e que virtualmente nenhuma é abolida", afirmou o comissário, para quem o protecionismo será um dos "pontos importantes" na agenda da próxima cúpula do G20 que acontecerá em São Petersburgo (Rússia) nos dias 5 e 6 de setembro.

Na opinião da Comissão, se os países emergentes mantivessem abertos seus mercados "essas economias que se desenvolvem rapidamente não só reforçariam sua competitividade, mas também contribuiriam para a recuperação econômica em outras partes do mundo e aumentariam a demanda global".

O relatório assinalou que África do Sul, Argentina, Rússia e Indonésia anunciaram formalmente "o maior número de novas medidas potencialmente restritivas para a importação e a exportação", principalmente aumentando tarifas de importação, introduzindo novos procedimentos de licença para importar ou fixando preços de referência e direitos de exportação.

Além disso, Brasil e Ucrânia anunciaram medidas que tiveram um "impacto em um número significativo de produtos comercializados". Segundo o texto, Brasil, Argentina, Rússia e Ucrânia "seguiram o caminho dos maiores incrementos tarifários".

O relatório indicou ainda um aumento de restrições nas licitações públicas, e nesse contexto lembra que o Brasil somou neste ano mais de um terço dessas medidas, seguido da Argentina e Índia.

A maior parte dessas restrições está relacionada com requisitos de localização das empresas, acrescentou o texto.

Brasil, África do Sul, Turquia, Japão e Coreia do Sul introduziram no período de referência o maior número de novas medidas de estímulo à exportação que distorcem a concorrência.

No setor dos serviços, o relatório lembrou que a Argentina empreendeu a desapropriação informal de extensos investimentos da União Europeia no setor dos hidrocarbonetos, como foi o caso da Repsol, "sem proporcionar nenhuma compensação até o momento".

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaÁfrica do SulAmérica LatinaArgentinaÁsiaChinaComércioCrescimento econômicoCrise econômicaDesenvolvimento econômicoEmpresasEmpresas espanholasEuropaG20ÍndiaIndonésiaIndústria do petróleoProtecionismoRepsol YPFRússiaUcrâniaUnião Europeia

Mais de Economia

ONS recomenda adoção do horário de verão para 'desestressar' sistema

Yellen considera decisão do Fed de reduzir juros 'sinal muito positivo'

Arrecadação de agosto é recorde para o mês, tem crescimento real de 11,95% e chega a R$ 201,6 bi

Senado aprova 'Acredita', com crédito para CadÚnico e Desenrola para MEIs