Economia

Brasil se posiciona contra cortes de produção em reunião com Opep

O secretário de Petróleo do Ministério de Minas e Energia disse que não vê como um corte da oferta poderia resolver o problema dos preços baixos

Petróleo: a produção de petróleo no Brasil subiu pelo quinto mês consecutivo em agosto (Sergio Moraes/Reuters)

Petróleo: a produção de petróleo no Brasil subiu pelo quinto mês consecutivo em agosto (Sergio Moraes/Reuters)

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Reuters

Publicado em 31 de outubro de 2016 às 17h49.

Rio de Janeiro - O governo brasileiro se posicionou contra um corte de produção de petróleo, para impulsionar os preços globais, ao participar de uma reunião com membros e não membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), no fim de semana, disse à Reuters nesta segunda-feira o secretário de Petróleo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Félix.

Félix, que representou o país no encontro, disse que o Brasil --que tem na estatal Petrobras a principal produtora de petróleo-- é uma economia de mercado livre, e que não vê como um corte da oferta poderia resolver o problema dos preços baixos do petróleo. Ele lembrou que a Petrobras é uma empresa de capital aberto.

"Se os preços caem muito, as empresas têm que dar um jeito de cortar custos, serem mais competitivas, no limite fechar um campo, é assim que funciona... Eles ficaram em um primeiro momento frustrados, mas depois entenderam, elogiaram a transparência (do Brasil)", afirmou Félix, por telefone.

O secretário também se colocou à disposição do grupo para discutir outros temas de interesse em comum, em outras oportunidades.

A Opep fechou acordo em setembro para reduzir sua produção de petróleo para uma faixa entre 32,5 milhões e 33 milhões de barris por dia (bpd), com o objetivo de suportar preços globais, no primeiro acerto do gênero desde 2008.

O grupo de 14 participantes também busca apoio em outros países para evitar que alguns produtores tomem mercado daqueles que reduzirem a produção.

Além do Brasil, os países não membros da Opep que participaram da reunião do sábado, que ocorreu em Viena, foram Rússia, México, Azerbaijão, Cazaquistão e Oman. Alguns deles ainda vão estudar uma possível participação no acordo, como a Rússia e o México, segundo Félix.

Uma nova reunião da Opep com outros países deverá ocorrer em 25 de novembro, explicou Félix, também em Viena, antes da reunião oficial do cartel no dia 30.

Para o secretário de petróleo, o convite foi um "reconhecimento de que o Brasil é um ator cada vez mais importante no mercado mundial de petróleo".

A produção de petróleo no Brasil subiu pelo quinto mês consecutivo em agosto, renovando um recorde mensal de extração pela terceira vez seguida, a 2,609 milhões de barris por dia (bpd), volume superior a muitos países da Opep.

"Esse ano teve um crescimento muito expressivo e a produção brasileira já foi muito representativa em nível mundial", disse Félix, que sugeriu à Opep que faça reuniões em outros países e ofereceu o Brasil para ser sede de algum encontro.

No caso da Petrobras, a produção deverá cair no ano que vem ante 2016, informou a diretora de Exploração e Produção da estatal, Solange Guedes, em teleconferência em setembro, citando alguns atrasos de plataformas.

Mas outras petroleiras privadas e estrangeiras estão ampliando a produção no país, ponderou ele.

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