Economia

Brasil retomará semana que vem vendas de carne aos EUA

São Paulo - Frigoríficos brasileiros deverão retomar os negócios de exportação de carne industrializada para os Estados Unidos até a próxima semana, informou nesta segunda-feira o diretor-executivo da Abiec, entidade que reúne os exportadores, Otávio Cançado. As exportações de carne brasileira para os EUA estão interrompidas desde o final de maio, quando o Ministério da […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo - Frigoríficos brasileiros deverão retomar os negócios de exportação de carne industrializada para os Estados Unidos até a próxima semana, informou nesta segunda-feira o diretor-executivo da Abiec, entidade que reúne os exportadores, Otávio Cançado.

As exportações de carne brasileira para os EUA estão interrompidas desde o final de maio, quando o Ministério da Agricultura do Brasil decidiu suspender, temporariamente, a certificação desses produtos após autoridades norte-americanas terem detectado em lotes de carne vindos do país níveis acima dos tolerados do vermífugo Ivermectina.

Desde então, técnicos do Brasil e dos EUA discutem uma padronização para o comércio, já que os norte-americanos alteraram o padrão dos testes do vermífugo, adotando normas diferentes das estabelecidas pelo Codex Alimentarius, técnica internacional adotada pelos brasileiros.

"Já a partir dessa semana ou da próxima haverá a reabilitação dos frigoríficos, porque foi uma autosuspensão do Brasil", afirmou Cançado a jornalistas, ressalvando que a medida não incluirá o JBS, onde o problema foi registrado no início.

A autorização para o JBS voltar a exportar dependerá do governo dos Estados Unidos, disse Cançado.

O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim, confirmou a informação a jornalistas sobre o retorno das vendas brasileiras, após reunião de representantes dos exportadores em São Paulo.

"Tudo o que foi pedido pelos EUA está sendo feito, nós estamos levando a relação das empresas que queremos liberações, o único problema é o CIF 337, isso vai depender dos EUA", disse Jardim, referindo-se a uma unidade do JBS que produziu a carne na qual o vermífugo foi detectado acima dos níveis tolerados.

Uma fonte do setor que pediu para não ser identificada disse que apenas a unidade CIF 337, do JBS, foi "delistada" pelos EUA, e as outras plantas do mesmo frigoríficos serão liberadas, caso outras empresas venham a ser habilitadas novamente a exportar aos EUA.

Mensalmente, o Brasil exportava para os EUA, antes da suspensão, cerca de 50 milhões de dólares em carne industrializada (corned-beef e jerked beef), segundo a Abiec. Em 2009, as vendas desse tipo de produto ao mercado norte-americano geraram receita de 223 milhões de dólares.

Do total que o Brasil embarcava aos EUA, o JBS exportava cerca de 70 por cento.

Os outros exportadores são o Marfrig, Minerva e um outro frigorífico menor, sem ações negociadas na Bovespa, que eventualmente poderão ocupar o espaço do JBS.


Em nota divulgada ao final de maio, o JBS informou que o impacto financeiro com o impasse "tende a ser imaterial, tendo em vista que menos de 0,5 por cento da receita consolidada da companhia advém de exportações" para os EUA.

Ainda não há acordo sanitário entre os dois países para o comércio de carne in natura, geralmente o segmento mais lucrativo do setor. Apenas carne bovina termoprocessada do Brasil pode ser vendida aos EUA.

Plano de ação

Enquanto isso, o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do ministério, Nelmon Oliveira da Costa, viajará aos EUA na quarta-feira para discutir as novas normas sanitárias para o comércio de carne industrializada e apresentar um plano de ação sobre o assunto definido pelo governo brasileiro.

"O Nelmon vai discutir a validação da técnica (para a identificação do vermífugo)", declarou Jardim, do ministério, explicando que os EUA passaram a realizar testes no músculo e não mais no fígado do animal, como era feito anteriormente.

"A partir do momento que eles exigem, temos que controlar", acrescentou Jardim, cobrando que o setor privado seja pró-ativo nessas questões.

De qualquer forma, o secretário afirmou que exportações realizadas com base na técnica antiga não são um perigo para saúde pública, pois seguem padrões internacionais. "Não houve excesso, porque o Codex não prevê o teste em músculo."

O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina.

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