Economia

Brasil quer liderar transição circular para crescer e conquistar novos mercados

País não quer ser apenas um produtor de matérias-primas sustentáveis ou exportador de terras e minerais estratégicos, diz secretário de Economia Verde

Produção de latas de alumínio reciclado em Pindamonhagaba, São Paulo (Sebastião Moreira/EFE)

Produção de latas de alumínio reciclado em Pindamonhagaba, São Paulo (Sebastião Moreira/EFE)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 22 de maio de 2025 às 14h58.

A transição do Brasil para um modelo econômico circular pode não apenas contribuir para a mitigação dos efeitos da crise climática, mas também abrir novas oportunidades de negócios e alavancar o crescimento e as exportações do país, segundo o secretário de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Rodrigo Rollemberg.

Em entrevista à Agência EFE, Rollemberg também destacou que o Brasil “não quer” ser apenas um produtor de matérias-primas sustentáveis ou exportador de terras ou minerais estratégicos.

“O mercado está globalizado e as oportunidades também. Queremos fazer parte da cadeia e que a agregação de valor dos produtos ocorra aqui, o que também vai gerar uma grande oportunidade para a exportação de materiais destinados à indústria global”, afirmou.

Rollemberg ressaltou que o Brasil já é o “destino ideal” para empresas do mundo inteiro que precisam acelerar seus processos de descarbonização a um custo mais baixo e, nesse sentido, destacou a importância do Plano Nacional de Economia Circular.

Aprovado neste mês, o plano prevê 71 ações que abrangem os âmbitos regulatório e de inovação e educação, além da redução de resíduos, instrumentos financeiros e a articulação entre os estados brasileiros.

“É um roteiro para que o país possa se tornar um líder em economia circular, um modelo que se apresenta como uma grande oportunidade para o Brasil”, afirmou.

Novos negócios

De acordo com um estudo da Accenture de 2019, a economia circular poderia mobilizar, em nível global, cerca de US$ 4,5 trilhões em oportunidades de negócios até 2030.

Além disso, uma pesquisa da Euromonitor publicada em 2022 indicou uma “alta disposição” por parte dos consumidores de pagar mais por produtos sustentáveis, inclusive em países em desenvolvimento como Índia ou China.

Diante desse contexto, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) identificou mais de 100 oportunidades no exterior para produtos sustentáveis brasileiros como guaraná, açaí, café, pimenta, óleos, peixes, espessantes ou ceras vegetais.

Por outro lado, Rollemberg apontou o potencial da biomassa proveniente de resíduos agrícolas e de aterros sanitários, que poderia gerar cerca de 30 milhões de metros cúbicos diários de biometano no curto prazo.

“O Brasil, por ter a maior biodiversidade do planeta, grande disponibilidade de biomassa, uma matriz energética limpa e abundância de água, possui uma base industrial diversificada e uma base científica e tecnológica qualificada”, acrescentou.

Para aproveitar essas oportunidades, a ApexBrasil adotou o incentivo à economia circular como um pilar estratégico de suas ações, segundo explicou à EFE a analista de investimentos da organização, Flávia Bahia, que destacou programas voltados à infraestrutura, agroindústria, recuperação de terras degradadas e gestão de recursos hídricos.

“O mercado internacional está vibrando com a economia circular e está sendo impulsionado pela sustentabilidade. Por isso, a ApexBrasil considera prioritária a estratégia de fomento a esse tipo de ação, que também é muito positiva para a economia brasileira e para a imagem do país”, explicou Bahia.

Janela de oportunidades

Por sua vez, André Aranha Corrêa do Lago, presidente da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro na cidade brasileira de Belém, disse à EFE que a economia circular é um instrumento “extremamente inteligente e útil” para o cumprimento dos objetivos de combate às mudanças climáticas estabelecidos no Acordo de Paris.

Por isso, tanto a recente aprovação do Plano Nacional de Economia Circular quanto a realização da conferência da ONU na Amazônia brasileira abrem novas perspectivas e mercados para o país.

“A COP30 é uma oportunidade para que o Brasil descubra seu potencial em diversos setores. E ter uma legislação específica e uma compreensão de quanto isso pode contribuir para o crescimento do Brasil e para que alcancemos nossas metas de sustentabilidade de forma mais inteligente antes da COP é excelente”, opinou.

O embaixador explicou, ainda, que os exportadores brasileiros, assim como as empresas internacionais que desejam investir no Brasil, entendem que o potencial de crescimento depende do fortalecimento da sustentabilidade.

“Sabemos que essa nova economia exige uma série de atributos que o Brasil tem (...) e durante a COP30 queremos mostrar ao mundo que há soluções e ações possíveis”, concluiu.

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