Na nota divulgada nesta manhã, a CNI destaca que "a indústria brasileira acompanha com preocupação a série de acordos comerciais que estão à mesa e o governo brasileiro assiste às discussões distanciado da realidade" (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2013 às 15h14.
Brasília - Brasil ficará isolado se não buscar novos acordos comerciais, posicionou-se a Confederação Nacional da Indústria (CNI) em nota distribuída nesta terça-feira, 4.
"Parcerias voltam a fazer parte da estratégia mundial de retomada do crescimento. Chama a atenção o diálogo entre os desenvolvidos, que já têm baixas tarifas, e a ausência de negociações Sul-Sul", cita o texto, referindo-se ao distanciamento do Brasil a esses acordos. O posicionamento da CNI foi antecipado pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, conforme texto publicado na segunda-feira, 3, e pelo jornal O Estado de S. Paulo, que traz, nesta terça-feira, 4, a reportagem "Indústria faz pressão por mais acordos internacionais".
Na nota divulgada nesta manhã, a CNI destaca que "a indústria brasileira acompanha com preocupação a série de acordos comerciais que estão à mesa e o governo brasileiro assiste às discussões distanciado da realidade". O texto lembra, ainda, que os parceiros brasileiros na América Latina, no Chile, na Colômbia, no México e Peru, que, juntos, possuem 35% do Produto Interno Bruto (PIB) latino-americano e 3% do comércio mundial, se uniram recentemente na Aliança do Pacífico.
"O Chile possui preferenciais tarifárias com 62 países. A Colômbia com 60 mercados. O México tem acesso preferencial a 50, e o Peru, a 52. Todos eles têm acordos de livre comércio com Estados Unidos e União Europeia. O Brasil tem 22 acordos preferenciais, a maioria pouco relevante", destaca a nota.
A CNI vai além e lembra "que a parceria Transpacífica se tornou prioridade do presidente Barack Obama e unirá sob um mesmo chapéu as economias da Austrália, de Brunei, do Canadá, Chile, de Cingapura, dos Estados Unidos, do Japão, da Malásia, do México, da Nova Zelândia, do Peru e Vietnã, que correspondem a quase 25% do comércio mundial". A CNI lembra que Japão e Estados Unidos reconheceram que há áreas sensíveis, como a agrícola para os japoneses e a de manufatura para os americanos, mas decidiram negociá-las.
A Confederação argumenta ainda que os Estados Unidos também vão firmar acordo com a União Europeia. "A Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP em inglês), com mais de 25% do comércio mundial, não será apenas uma aliança política. Americanos e europeus indicaram que estão dispostos a negociar barreiras regulatórias. Quem discute barreiras regulatórias discute as não tarifárias, que são as mais importantes na relação EUA-Europa", cita a nota.
Os acordos TPP e TTIP reorganizarão a estrutura e o fluxo do comércio internacional pelo acesso tarifário preferencial, inclusão de temas como investimentos, propriedade intelectual e a redução de barreiras técnicas. O resultado de todos esses acordos é a união do Norte num cinturão que engloba o comércio pelo Pacífico e pelo Atlântico e isola ainda mais o Mercosul, que tem menos de 2% do comércio mundial e, naturalmente, o Brasil.
"A Confederação Nacional da Indústria (CNI) entende que a perda de competitividade da indústria brasileira e a queda nas exportações de semi e manufaturados sinaliza que o Brasil precisa dar mais atenção às negociações internacionais. O País corre o risco de perder mais espaço em seus mercados exportadores se não entrar no jogo mundial e buscar novas parcerias no comércio internacional", alerta a nota.