Economia

Guedes: País pode ter hiperinflação se não rolar dívida satisfatoriamente

Em evento, o ministro da economia disse ainda estar frustrado por não ter conseguido ainda privatizar nenhuma empresa estatal

Guedes (Ueslei Marcelino/Reuters)

Guedes (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 11h47.

Última atualização em 10 de novembro de 2020 às 14h57.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira, 10, que o Brasil pode "ir para uma hiperinflação muito rápido" se não rolar a dívida satisfatoriamente.

No evento "Boas práticas e desafios para a implementação da política de desestatização do governo federal", organizado pela Corregedoria Geral da União (CGU), Guedes se disse frustrado por não ter conseguido ainda privatizar nenhuma empresa estatal, como prometido na campanha do presidente Jair Bolsonaro, e defendeu desinvestimentos para reduzir o endividamento público.

O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor

"Estou bastante frustrado com o fato de estarmos aqui há dois anos e não termos conseguido ainda vender nenhuma estatal. Por isso, um secretário nosso foi embora Salim Mattar, que deixou o ministério em agosto. Entrou outro Diogo Mac Cord que só tem que fazer um gol pra ganhar; o outro fez zero", afirmou.

O ministro disse que acordos políticos na Câmara dos Deputados e no Senado impediram as privatizações. "Precisamos recompor nosso eixo político para fazermos as privatizações prometidas na campanha", completou.

Sem conseguir levar desinvestimentos nem a venda de imóveis públicos para frente, Guedes ressaltou que o País carrega empresas e bens ineficientes, enquanto tem uma dívida que cresce como "bola de neve". "Se tivéssemos matado a dívida, estaríamos com recursos alocados para fazer transferência de renda", completou.

No evento, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, ressaltou que é preciso bons projetos e editais, elaborados com transparência e que garantam segurança jurídica. "Só conseguimos vender o que o mercado quer comprar. O mercado participará se perceber que há transparência na elaboração de projetos", completou.

Missão

Em sua fala no encontro, do qual também participaram o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, e o secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, Guedes disse que os dois têm a missão de acelerar o programa de privatizações. "Tem que começar pela Cedae, é um ativo que já poderia ter sido desestatizado", disse, em referência à empresa de saneamento do Rio de Janeiro, que está no programa de recuperação fiscal do governo federal.

Sem citar diretamente, Guedes comentou ainda as eleições dos Estados Unidos e disse que as democracias estão "em transe". "Um candidato questiona se foi eleito, outro diz que tem uma fraude. A inquietação do Ocidente é porque ele não está aguentando a competição do Oriente", completou.

Crescimento em 2021 pode ser melhor que projeção de 3,2%

Guedes, afirmou que o crescimento econômico em 2021 pode surpreender e ser maior do que o projetado, em 3,2%. A declaração foi dada em evento virtual sobre países emergentes, organizado pela Bloomberg.

Ele repetiu que sempre disse que a recuperação da economia brasileira após o choque provocado pela pandemia de covid-19 seria em formato do símbolo da Nike, mas que está melhor, com um claro formato de "V".

Guedes citou a situação do mercado de trabalho, que mostra perdas menores do que nas últimas crises e também aceleração da recuperação de vagas nos últimos três meses. "O fato é que a doença está caindo e a economia voltando forte. Nossas políticas anticíclicas funcionaram bem."

O ministro ainda citou que a economia tem os mecanismos para lidar com uma segunda onda de contaminação por covid-19, pois o governo já digitalizou milhões dos brasileiros ditos pelo ministro que eram "invisíveis". "Podemos filtrar excessos e poderemos gastar valores menores."

Segundo Guedes, o governo vai agir decisivamente em uma segunda onda da covid, mas não vai usar a doença como desculpa para tomar medidas irresponsáveis. Ele também disse que o teto de gastos será mantido.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaDívida públicaInflaçãoPaulo Guedes

Mais de Economia

ONS recomenda adoção do horário de verão para 'desestressar' sistema

Yellen considera decisão do Fed de reduzir juros 'sinal muito positivo'

Arrecadação de agosto é recorde para o mês, tem crescimento real de 11,95% e chega a R$ 201,6 bi

Senado aprova 'Acredita', com crédito para CadÚnico e Desenrola para MEIs