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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h23.
Você está inseguro com o futuro? Provavelmente vai continuar se sentindo assim por um bom tempo. "O país pediu risco -- e terá risco", disse o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, professor do Ibmec, no evento CEO Summit, promovido pelo Instituto Empreender Endeavor. "Nas últimas eleições o país optou por mudanças. E as mudanças podem vir para melhor ou para pior, pois ninguém sabe como reage o PT diante de uma crise", afirmou o economista diante de uma platéia de cerca de 200 executivos em São Paulo.
O CEO Summit foi uma iniciativa do Instituto Empreender Endeavor, organização não governamental que tem como objetivo estimular o empreendedorismo. Além de Giannetti, entre os palestrantes estavam os empresários Pedro Moreira Salles (chairman do Unibanco), Carlos Alberto Sicupira (fundador e sócio do GP Investimentos), e Pedro Parente, ministro chefe da Casa Civil. Os executivos, líderes de grandes empresas do país se reuniram ontem no CEO Summit para tentar responder a algumas questões difíceis. Como fazer negócios num mundo revirado do avesso, sobretudo depois do estouro da bolha da internet, da retração econômica mundial agravada pelos ataques terroristas no ano passado e das fraudes bilionárias no mercado americano? E, particularmente, como lidar com isso tudo aqui no Brasil, nesse momento de transição para um novo governo federal?
No painel intitulado "Perspectivas para o Futuro do Brasil", o ministro Pedro Parente mostrou uma série de indicadores de como o país evoluiu em aspectos sociais, como educação e orçamento, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita o gasto dos estados. Moreira Salles fez uma análise de vários fatores que influenciam na eficiência do país. "Precisamos abraçar uma agenda de competitividade", concluiu.
Mas Giannetti lembrou um dos assuntos que mais preocupam o mundo corporativo neste momento, a subida da inflação: "O PT vai herdar um déficit nominal expressivo e não vai poder aumentar ainda mais a carga tributária para se endividar. Para resolver isso ou se fazem as reformas tributária, fiscal, previdenciária e trabalhista, que vêm sendo adiadas, ou o ajuste das contas virá na forma de mais inflação".
O ciclo de palestras ainda contou com um mergulho de Sicupira, Cláudio Szajman (presidente do grupo VR) e Eduardo Corrêa de Mattos (presidente da Portugal Telecom) no tema "Estratégias de Crescimento". Numa de suas raríssimas aparições em público, Sicupira falou sobre a estratégia do GP para atrair e reter talentos num ambiente de altíssima competitividade. "No GP, talento não é apenas uma simples prioridade, mas um assunto permanente, diário", disse Sicupira. "Gente é o assunto que deveria ocupar o maior espaço na agenda do CEO."
Em seguida, Szajman contou como a VR conseguiu reduzir drasticamente seus custos com a utilização da internet -- hoje 55% dos pedidos da VR chegam pelo portal da empresa. A VR está se preparando para transformar seus vales refeição, hoje em papel, para o formato de cartão digital. Um projeto piloto com 7 000 cartões-refeição digitais está em andamento em Goiânia. "Esse modelo de negócios deverá ser implantado nas principais cidades em 2003", disse Szajman.
Num outro painel, dedicado a marketing e comunicação, o publicitário Júlio Ribeiro, presidente do grupo Talent, fez uma explanação sobre a necessidade de as empresas identificarem de onde virá a competição em seus setores. Para Ribeiro, nem sempre é o concorrente que ameaça a posição de uma empresa no setor em que ela atua. "Vejam o que aconteceu no mercado de cerveja depois da invenção da lata e em diversos segmentos com a disseminação da embalagem longa vida", disse Ribeiro. "Essas embalagens abriram espaço para a entrada de um número enorme de marcas populares."
Uma das rodadas de palestras foi dedicada a cultura organizacional. Laércio Cosentino, presidente da Microsiga, falou sobre valores. Marcel Fleischmann, presidente do McDonalds, contou como a empresa incentiva o espírito empreendedor de seus funcionários. E Alexandre Behring, presidente da América Latina Logística, falou sobre como foi passar de uma cultura estatal para a empresarial depois que a empresa foi privatizada.