São Paulo - Para Nouriel Roubini, o Brasil deveria ter perdido o grau de investimento já no ano passado.
Em artigo publicado hoje no Project Syndicate, o economista conhecido como "Dr. Desastre" usa o país como exemplo para criticar o sistema atual das agências de rating:
"O Brasil deveria ter sido rebaixado abaixo do grau de investimento no ano passado, quando a economia lutava com um déficit fiscal em expansão, um fardo da dívida crescente em toda a economia e um ambiente de negócios fraco e piorando".
Ele diz que o escândalo de corrupção na Petrobras está "finalmente" levando a uma revisão da nota, mas que o movimento "vem tarde demais" e "provavelmente não será suficiente para refletir o risco real".
Ele diz que sua avaliação parte de um método que analisa trimestralmente 174 países por 200 variáveis quantitativas.
Nenhuma das três grandes agências rebaixou o Brasil, apesar de alguns movimentos recentes. Em abril, a Fitch mudou a perspectiva da nota brasileira de estável para negativa, mas ainda dois degraus acima do patamar de investimento.
No final de julho, foi a vez da Standard & Poor's fazer o mesmo, e nela o país está apenas um degrau acima da perda.
Em agosto, a Moody's rebaixou o Brasil de dois para um degrau acima do grau de investimento, mas colocou a nota em perspectiva "estável" - o que dá um respiro de no mínimo alguns meses.
No artigo, Roubini diz que outros mercados emergentes também parecem frágeis. Ele se preocupa com o alto nível de endividamento da China e pede por um novo sistema de avaliação de risco.
Seu argumento é que as agências de rating demoram para identificar riscos, são subjetivas demais e sofreram poucas consequências por suas falhas de julgamento antes da crise financeira de 2008.
"Um sistema de alerta precoce para tsunamis financeiros pode ser difícil de criar, mas o mundo precisa de um hoje mais do que nunca", diz o artigo.
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1. Tempos difíceis
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1/11 (Getty Images)
São Paulo - A desaceleração dos emergentes é um fato consumado e a projeção do
Banco Mundial para o
crescimento da economia global em 2015
não é exatamente brilhante: 2,8%. No entanto, há um grupo de países que não devem chegar nem perto deste número - neste ou nos próximos anos. É o caso do Brasil, que deve ter sua pior recessão em duas décadas, uma ressaca da euforia do passado somada com as consequências de políticas desastradas do primeiro mandato de Dilma e fatores como a
Operação Lava Jato. A Ucrânia é vítima da hostilidade da Rússia, que sucumbe diante de sanções e da queda do preço do petróleo, levando junto a vizinha Bielorússia para o fundo do poço. O petróleo em queda, aliás, ajuda a explicar a situação do Iêmen e na Venezuela, também afetados por guerra civil e políticas erráticas, respectivamente. Veja a seguir as 9 economias que tem as piores perspectivas para este e os próximos 2 anos de acordo com o último relatório do Banco Mundial:
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2. Iêmen
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2/11 (Paul Hilton/Bloomberg)
O
Iêmen nunca teve uma economia dinâmica e sofre com alto desemprego, explosão populacional e falta de água e produtos. A situação ficou ainda pior com a queda do preço do petróleo e a escalada dos conflitos políticos em uma guerra civil.
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3. Croácia
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3/11 (Divulgação / Trivago / Tambako The Jaguar – Flickr)
A
Croácia é, junto com a Grécia, o único país europeu que viu sua economia encolher
todos os anos desde 2008. Em fevereiro, o governo
cancelou a dívida dos cidadãos mais pobres para estimular a demanda doméstica, mas as projeções de crescimento continuam modestas.
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4. Brasil
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4/11 (HEUDES REGIS/ Guia Quatro Rodas)
O
crescimento está diminuindo de forma generalizada nos emergentes e na América Latina, mas o processo começou antes e foi mais forte no Brasil. Depois de ficar parada em 2014, a
economia brasileira deve sofrer neste ano a pior recessão em 20 anos, com recuperação tímida esperada para 2016 e 2017. O governo brasileiro vem tentando mostrar ao mercado que mudou de rumo após as políticas dos últimos anos que levaram a aumento da dívida, piora nas contas públicas e inflação próxima do teto da meta.
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5. Sérvia
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5/11 (Getty Images)
Assim como o Brasil, a Sérvia está em um processo de consolidação fiscal após fechar um acordo com o FMI em fevereiro. A dívida pública em relação ao PIB dobrou entre 2008 e 2014, e o país tem tropeçado diante de corrupção, uma população envelhecida e alto desemprego.
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6. Rússia
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6/11 (Thinkstock/Sergei Butorin)
O tombo é generalizado entre os emergentes após a euforia da década passada, mas o caso da
Rússia é agravado pela dependência do petróleo (cujo preço despencou nos últimos meses) e pelas sanções dos países ocidentais após a anexação da Crimeia.
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7. Santa Lúcia
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7/11 (WikimediaCommons)
Esta pequena ilha do
Caribe tem apenas 160 mil habitantes e um PIB de US$ 1,8 bilhão altamente dependente do turismo, uma das indústrias que nunca se recuperaram totalmente desde a crise financeira de 2008.
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8. Bielorússia
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8/11 (SERGEI SUPINSKY/AFP/Getty Images)
É só olhar para o nome: a Bielorússia é altamente integrada com a Rússia, e sua economia e moeda tem seguido a trajetória (declinante) dos seus vizinhos russos nos últimos anos - o que deve continuar.
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9. Venezuela
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9/11 (Reuters)
A queda brutal do preço do petróleo foi como uma bomba para a economia da
Venezuela, altamente dependente do produto para sua receita e exportações. E isso porque o país já estava sofrendo com instabilidade política, desabastecimento e uma das maiores inflações do mundo.
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10. Ucrânia
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10/11 (Podluzhnaya/WikimediaCommons)
A
Ucrânia já tinha uma economia vulnerável e altos níveis de corrupção quando começou a se desestabilizar politicamente. Depois, viu a Crimeia ser anexada e tem que lidar até hoje com a ameaça constante da Rússia e de rebeldes no leste. O resultado: recessão de 6,8% em 2014 e uma perspectiva de recuperação lenta, e isso se nada mais der errado.
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11/11 (Jose Cendon/Bloomberg News)