Economia

Brasil irá contingenciar cerca de R$ 50 bi, diz ministro

Informação sobre o corte nos gastos do orçamento é do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel

Pimentel: "Será algo em torno de 50 bilhões de reais para este ano, talvez um pouco mais" (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Pimentel: "Será algo em torno de 50 bilhões de reais para este ano, talvez um pouco mais" (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

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Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2012 às 08h18.

Dubai - "Será algo em torno de 50 bilhões de reais para este ano, talvez um pouco mais", afirmou Pimentel à Reuters durante visita oficial a Dubai. "Todo ano o governo anuncia um contingenciamento do Orçamento no começo do ano; é uma medida de precaução."

Ele acrescentou: "Nós estamos mantendo nossa dívida pública sob rigoroso controle para evitar o que aconteceu na Europa. É por isso que há um contingenciamento preventivo do Orçamento como esse."

Em Brasília, fontes do governo afirmaram à Reuters na terça-feira que o governo deverá revisar o tamanho do contingenciamento na tarde desta quarta-feira. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem pressionado por um corte de cerca de 50 bilhões de reais, de acordo com as fontes, um número visto como insuficiente por muitos analistas para atingir as metas de redução da dívida.

Um contingenciamento de 50 bilhões de reais equivaleria a 3 por cento do Orçamento deste ano, excluindo os gastos de refinanciamento, e teria o mesmo tamanho do contingenciamento anunciado no ano passado.

Indústria

Espera-se que a produção industrial brasileira se recupere neste ano, afirmou Pimentel, após um pequeno crescimento de apenas 0,3 por cento no ano passado.

"Nós achamos que (o crescimento de) 0,3 por cento do ano passado foi muito pouco, nós queremos crescer muito mais rápido do que isso, mas é difícil prever porque nós estamos em meio a um cenário internacional de crise."

"Nós estamos trabalhando com um número entre 1,5 por cento e 2 por cento este ano."

Pimentel afirmou que o governo desenvolverá mais medidas para estimular as exportações e que também planeja novas regras para incentivar a inovação na indústria automobilística e na produção local de autopeças.

"O Brasil não tem empresas brasileiras de carros -todas são multinacionais. Nós queremos que elas comprem suas peças no Brasil", afirmou, sem dar mais detalhes.

No começo deste mês, Pimentel afirmou que o Brasil queria renegociar ou finalizar um antigo acordo com o México, que mantém o comércio automotivo deles livre de tarifas. O Brasil quer que o México compre mais ônibus e caminhões.


Em negociações com autoridades chinesas nesta semana, autoridades brasileiras pediram à China uma redução voluntária nas exportações para o Brasil de produtos do setor têxtil, de sapatos e eletrônicos, por exemplo, para proteger os manufatureiros brasileiros. Questionado sobre isso, Pimentel disse:

"Esse é um ponto sensível na economia brasileira, e foi isso que nós explicamos para a delegação chinesa."

"Nós ainda estamos no processo de negociação. Nós queremos relacionamentos de longo prazo com a China, que precisa ajustar os interesses estratégicos dos dois países e reduzir as tensões locais."

Sem renúncia

Pimentel, membro do Partido dos Trabalhadores (PT), o mesmo da presidente Dilma Rousseff, reiterou que não irá renunciar devido à pressão da oposição para explicar sua fortuna pessoal. Vários membros do gabinete de Dilma renunciaram após alegações de corrupção, desde que ela assumiu a presidência em janeiro do ano passado.

"Há questionamentos, pois eu tinha atividades empresariais antes de assumir o cargo de ministro. A oposição questiona se essa atividade não era um conflito de interesses."

"Eu me manterei no cargo", afirmou Pimentel, que negou consistentemente qualquer irregularidade.

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