Comércio exterior: Brasil deve fechar negociações com o México (Fernando Donasci/Reuters)
Reuters
Publicado em 9 de setembro de 2019 às 16h53.
Última atualização em 9 de setembro de 2019 às 18h43.
O Secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, disse nesta segunda-feira, 9, que o governo brasileiro iniciou formalmente negociações de livre comércio com o México esta semana, em uma tentativa de construir um complexo pacto comercial entre as duas maiores economias da América Latina.
As negociações representam o mais recente capítulo nos esforços do Brasil para abrir sua economia e manter relações comerciais com mais países. Sob o governo de Jair Bolsonaro, o Brasil também já iniciou conversas por um acordo comercial com os Estados Unidos.
Em discurso durante conferência organizada pelo Conselho Empresarial Brasil-China, Troyjo disse que o Brasil espera aumentar o comércio com o México, destacando a venda de produtos agrícolas.
Em julho, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que irá buscar um acordo comercial com o Brasil, sugerindo que uma relação amigável com Bolsonaro poderia ajudar a reduzir as barreiras de comércio entre as duas maiores economias das Américas.
O Ministério da Economia mexicano não respondeu de imediato a um pedido por comentários.
Troyjo disse que o Brasil iniciou formalmente as negociações de livre comércio com o México, que recentemente ratificou um novo pacto comercial com Estados Unidos e Canadá em substituição ao Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês).
O secretário afirmou que o México tinha tradicionalmente foco no comércio com seus parceiros de Nafta, mas que deseja diversificar. Ele acredita que o Brasil poderá exportar mais produtos agrícolas para o México, economia número 2 da América Latina.
"O comércio entre Brasil e México sempre esteve abaixo dos volumes desejados. Parte disso porque o México dava tratamento preferencial a outros parceiros comerciais, como EUA e Canadá", disse Troyjo em uma conferência organizada pelo Conselho Empresarial Brasil-China, em São Paulo.
"Agora o acordo entre México, EUA e Canadá mudou. O Brasil tem um interesse mais imediato em aumentar suas exportações de commodities agrícolas para o México."
Sob o governo de Jair Bolsonaro, o Brasil também já iniciou conversas por um acordo comercial com os Estados Unidos e acredita que um acordo entre a União Europeia e o Mercosul será ratificado.
Entretanto, os esforços do Brasil para ampliar laços comerciais vêm em um momento em que a guerra comercial entre EUA e China traz nervosismo à economia global, desencadeando temores de recessões generalizadas.
Os parlamentares mexicanos já ratificaram o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês), após líderes dos três países concordarem em novembro com os termos do tratado. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, disse em agosto que espera que os EUA sigam o exemplo neste mês.
Em julho, o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que buscará um acordo comercial com o Brasil, sugerindo que uma relação amigável com Bolsonaro poderia ajudar a reduzir as barreiras de comércio entre as duas maiores economias das Américas.
O Ministério da Economia mexicano não respondeu de imediato a um pedido por comentários.
A negociação com o México ocorre depois que o Mercosul e a União Europeia também assinaram um acordo, o primeiro birregional da história.
Segundo estimativas do Ministério da Economia, o acordo, se e quando entrar em vigor, poderá ampliar as exportações brasileiras para a UE em até US$ 100 bilhões nos próximos quinze anos, além de atrair investimentos da ordem de US$ 113 bilhões no mesmo período.
Até 2035, a expectativa é gerar ganhos de US$ 87,5 bilhões para o PIB brasileiro, podendo alcançar até US$ 125 bilhões se considerados eventuais ganhos gerados pelo aumento da produtividade total dos fatores de produção.
Além do acordo com a UE, o Mercosul também fechou recentemente negociações com a Efta (Associação Europeia de Livre Comércio). O acerto trará condições mais favoráveis para os produtores e exportadores dos países do bloco americano formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Alguns dos produtos que serão beneficiados com melhores condições de acesso ao mercado europeu são carne bovina, carne de ave, vinhos, milho, mel, frutas e óleos vegetais.
(Com Reuters e Agência Brasil)