Em números absolutos, o Brasil foi o país que mais perdeu milionários em um ano (Gabriel Vergani / EyeEm/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de outubro de 2018 às 09h14.
São Paulo - Com a desvalorização do real no último ano, o número de brasileiros que detêm fortunas superiores a US$ 1 milhão caiu 18,9%, passando de 190 mil, em 2017, para 154 mil neste ano. Segundo levantamento do banco Credit Suisse, a retração só não é maior que a registrada na Argentina, onde o total de milionários diminuiu 31%, para 21 mil.
Em números absolutos, o Brasil foi o país que mais perdeu milionários em um ano: são 36 mil a menos, seguido da Austrália, que perdeu 32 mil.
O estudo considera dados do fim de junho deste ano e os compara com o mesmo mês de 2017. Considerando a cotação desses períodos, para se ter mais de US$ 1 milhão em 2018, são necessários R$ 3,8 milhões. Em 2017, eram R$ 3,3 milhões.
No levantamento do ano passado, o banco suíço também projetava que o número de milionários brasileiros cresceria 81% nos cinco anos seguintes. Agora, o diretor de investimentos do Credit Michael O' Sullivan, um dos responsáveis pela pesquisa, afirma que essa expansão dependerá da reação do País nos próximos anos.
"Dependerá muito da capacidade da economia brasileira e dos preços dos ativos recuperarem o caminho de um crescimento de longo prazo", disse.
"Afetado por crises políticas e econômicas, o Brasil tem enfrentado sérias dificuldades nos últimos anos", afirma o relatório do banco. A riqueza por adulto no País em dólares recuou 36% desde 2011. Nos dez anos anteriores, porém, havia triplicado, passando de US$ 8 mil para US$ 26,2 mil per capita. "A estabilidade nos preços dos ativos, especialmente do câmbio e das ações, é o principal fator (para que haja um novo ciclo de crescimento da riqueza a partir de agora)", acrescentou O'Sullivan.
O estudo do Credit Suisse aponta ainda que a parcela de brasileiros com riqueza total inferior a US$ 10 mil é superior à média global. No Brasil, 74% da população se encontra nessa situação, enquanto, no mundo, a parcela é de 64%.
Ainda de acordo com o banco, a desigualdade no País é a principal explicação para o maior número de pessoas com menos de US$ 10 mil e foi exacerbada pelo aumento no desemprego e no número de trabalhadores informais. Segundo o estudo, o 1% mais rico da população brasileira detém 43% de toda riqueza do País.
Em todo o mundo, há hoje 42 milhões de milionários, um crescimento de 5,8% na comparação com 2017. A Itália foi o país com a maior alta, de 17,2%, somando 1,4 milhão de pessoas com riqueza superior a US$ 1 milhão.
Os Estados Unidos continuam no primeiro lugar do ranking dos países com maior número de milionários, com 17,3 milhões de pessoas.