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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h25.
O aumento dos preços da carne no mercado internacional foram cruciais para os produtores brasileiros no primeiro semestre. Se não fosse a valorização do produto, o exportador não teria conseguido um aumento de 16,24% na receita em dólar com as vendas externas. A importância do encarecimento do produto pode ser facilmente constatada nos números divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) nesta segunda-feira (10/7), que confirmam recente relatóri da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil. Enquanto a receita aumentou um percentual de dois dígitos, o volume exportado ficou praticamente estável, com um crescimento de 0,54% nos seis primeiros meses do ano.
Alguns fatores contribuíram para a valorização do produto. A saída da Argentina do mercado mundial por alguns períodos, a própria redução da oferta brasileira para a União Européia - dado o embargo a três estados denunciados por febre aftosa - e a capacidade de os importadores pagarem mais pela mercadoria estão entre os motivos que justificam o aumento da receita das exportações. "O Chile, que prefere pagar 300% a mais pela carne da Austrália e da Nova Zelândia do que comprar do Brasil, é um exemplo de que o comprador está com ';bala na agulha';", afirma Antonio Camardelli, diretor executivo da Abiec.
Camardelli evita dizer que o país teve sorte por observar o aumento de preços no mercado internacional exatamente no período em que foi banido de alguns mercados em razão da febre aftosa. O embargo parcial ou integral - hoje por parte de 56 países - começou em outubro do ano passado e, pela estimativa da associação, inibe a exportação mensal de 200 milhões de dólares mensalmente.
O presidente da Abiec, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, defende que o país seja mais agressivo. "Precisamos deixar de ser ';comprados'; no exterior e passar a ter uma postura mais vendedora", diz o ex-ministro da Agricultura. Pratini dá como exemplo de sucesso casos de companhias brasileiras - como as grandes Friboi e Bertin - que conseguiram aumentar a receita vendendo produtos mais elaborados e, portanto, mais caros diretamente às redes de varejo no exterior. "Em vez de vender o lagarto em peça, o país vende o carpaccio e direto ao consumidor. É isso que precisa ser feito."