Economia

Brasil está no fundo do poço por causa dos economistas, diz Bolsonaro

Questionado sobre promessa de Guedes de zerar déficit em 2019, Bolsonaro disse para perguntar ao ministro: "eu não manjo nada de economia. Nada. Zero"

Jair Bolsonaro: presidente culpou economistas por crise econômica do Brasil (Alan Santos/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro: presidente culpou economistas por crise econômica do Brasil (Alan Santos/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de setembro de 2019 às 12h34.

Última atualização em 2 de setembro de 2019 às 18h11.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil está no "fundo do poço" por causa de economistas, e não por sua causa.

"O Brasil está no fundo do poço dado aos economistas, e não ao capitão Jair Bolsonaro", declarou na saída do Palácio da Alvorada, na manhã desta segunda-feira, dia 2.

Bolsonaro foi questionado sobre a previsão de déficit primário de R$ 124,1 bilhões em 2020, ante a previsão do ministro Paulo Guedes na campanha de zerar o déficit em 2019.

"Pergunta para o Paulo Guedes, eu não manjo nada de economia. Nada. Zero", disse. "Quem manjava, a tal de Dilma Rousseff, arrebentou o Brasil", afirmou, citando a ex-presidente petista.

Não é a primeira vez que ele ataca a categoria. Então presidente eleito, Bolsonaro afirmou no dia 19 de novembro, em entrevista no Rio de Janeiro, que “quem ferrou com o Brasil foram os economistas, está certo? Mas eu tenho bom senso e sei o que o povo quer na ponta da linha”.

O presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Wellington Leonardo da Silva, repudiou a fala na época: “mais uma postura lamentável de quem já teve tantas outras.”

Choque de realidade

Ainda em janeiro, Guedes prometia que seria possível zerar o déficit primário ainda em 2019 com uma combinação de reforma da Previdência, concessões de petróleo e privatizações.

Entre as razões para a frustração da meta está a queda nas expectativas de crescimento, que foram de 2,5% no início do ano para 0,8% atualmente, o que significa menos receita para o governo.

Também houve um atraso maior do que o esperado na tramitação de agendas como a reforma da Previdência e privatizações diante de turbulências políticas.

A promessa de Guedes, feita já durante a campanha eleitoral, sempre foi considerada irrealista mesmo por coordenadores econômicos de candidatos do campo da direita.

Gustavo Franco, da campanha de João Amoêdo pelo Partido Novo, Pérsio Arida, da campanha de Geraldo Alckmin pelo PSDB e André Lara Resende, da campanha de Marina Silva pela Rede, falavam em zerar o déficit em um prazo de dois anos.

Agora, a previsão oficial é que o superávit só volta em 2023. Isso significaria uma década de déficits, já que o último superávit primário registrado pelo país foi em 2013.

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