Desmatamento: desmatamento apenas na Amazônia brasileira em junho foi o maior dos últimos cinco anos (Michal Fludra/NurPhoto/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de julho de 2020 às 16h35.
Última atualização em 14 de julho de 2020 às 16h37.
Com a política ambiental do governo de Jair Bolsonaro sendo alvo de críticas de investidores internacionais e de brasileiros, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia divulgou nota tentando mostrar que o ingresso de recursos estrangeiros no País não está em risco.
"Recentemente, algumas críticas sem base nos dados têm ganhado espaço nos noticiários e veículos de imprensa. Uma versão particularmente danosa dessas críticas associa a intensificação das queimadas e do desmatamento com possível redução do fluxo de investimentos externos direcionados ao Brasil", diz o documento elaborado órgão, comandado por Adolfo Sachsida.
A nota da SPE faz duas alegações principais: o Brasil estaria entre os países que mais preservam o meio ambiente no mundo ao mesmo tempo em que tem sido um "porto seguro e um destino importante" para o fluxo de investimentos diretos estrangeiros.
A secretaria argumenta que a entrada de Investimentos Diretos no País (IDP) cresceu 26% no ano passado, chegando a US$ 75 bilhões. O valor é equivalente a 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e, segundo a SPE, é proporcionalmente superior ao montante de investimentos recebidos pela "vasta maioria dos países".
O documento traz ainda gráficos com dados da Organização das Nações Unidas (ONU) que mostram que o Brasil é responsável por 12% da área de vegetação original preservada no mundo (sem considerar, obviamente, a Antártica) ficando apenas atrás da Rússia. O órgão também diz que a área intocada no Brasil é superior à soma das áreas preservadas nos Estados Unidos e Austrália.
"Quase 60% do território brasileiro encontra-se preservado contra aproximadamente 35% de Canadá e Estados Unidos. A área preservada no Brasil é quase três vezes superior à média mundial", acrescenta a nota técnica.
A SPE usa ainda dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que apontam a redução nos focos de queimadas em todo o território brasileiro entre 1º de janeiro e 12 de julho de 2020, ante o mesmo período de 2019. Nessa mesma comparação, houve aumento de focos queimadas na Argentina, Colômbia, Equador Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
A SPE omite, no entanto, que os dados do próprio INPE mostram que o desmatamento apenas na Amazônia brasileira em junho foi o maior dos últimos cinco anos. Alertas feitos pelo sistema Deter indicam a perda de 1.034,4 km? no mês de junho, alta de 10,65% em relação a junho do ano passado, quando os alertas apontaram desmate de 934,81 km?. Em apenas um mês, foram derrubados na Amazônia o equivalente à área da cidade de Belém (Pará). Nesta segunda, 13, a pesquisadora responsável pelo grupo que monitora oficialmente a devastação florestal, Lubia Vinhas, foi exonerada.
Nesta terça, 14, 17 ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central cobraram do governo brasileiro ações para que o desmatamento tanto da Amazônia quanto no cerrado caia para zero. Carta divulgada hoje, pelo grupo propõe diretrizes para o alcance da chamada economia de baixo carbono, como o investimento em novas tecnologias e o aumento da cooperação internacional.