Redação Exame
Publicado em 27 de setembro de 2025 às 14h37.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar neste sábado, 27, o patamar da taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, mas afirmou que divergências sobre a política monetária conduzida pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, são normais.
"No mundo inteiro tem debate sobre o patamar adequado para a taxa de juros. (...) É um debate normal, técnico normal", afirmou em entrevista ao podcast "Três Irmãos".
Haddad disse que a economia brasileira poderia estar crescendo mais se a taxa não estivesse tão elevada.
"O Brasil está crescendo o dobro do que crescia nos anos anteriores. Agora está crescendo menos, porque a taxa de juro está muito alta. Está exagerada a taxa de juro atual? Tem conversa entre os economistas (sobre isso). Tem um debate. Tem gente que acha que chegou a hora de começar a cortar e tem gente que acha que não. Às vezes, vejo estardalhaço, "o Haddad, o Galípolo", mas isso é normal", disse.
O ministro destacou ainda que o governo mantém diálogo aberto com o Banco Central, mas que a decisão final sobre manter, reduzir ou elevar a taxa de juros cabe exclusivamente à diretoria da autoridade monetária.
"Nossa conversa com o presidente do BC é muito franca, mas a responsabilidade de manter a inflação comportada é dele e da diretoria, que tem oito membros. A decisão final é deles”, afirmou.
Haddad afirmou também que o presidente do BC “é educado em suas colocações” quando é preciso falar sobre a condução fiscal do ministério da Fazenda.
"Quando ele critica a Fazenda, ele também é educado nas colocações dele, e tá tudo bem", disse.
Na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juro (Selic) em 15% e sinalizou que um ciclo de cortes deve começar apenas em 2026.