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Da Redação
Publicado em 13 de março de 2009 às 13h28.
Os últimos dados sobre a economia brasileira assustaram o mercado, mas podem ser apenas as primeiras tintas de um quadro sombrio a ser pintado no decorrer do ano. Pelos cálculos do banco britânico de investimentos Barclays Capital, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil será negativo em 2009. Os analistas Paulo Mateus e Rodrigo Valdes refizeram suas projeções e, contrariando as expectativas do governo e da maioria dos economistas, chegaram à conclusão de que o país deverá encolher 1,9% no ano.
Após o anúncio da queda de 3,6% no PIB no último trimestre de 2008, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que será difícil atingir a meta de crescimento de 4% neste ano, mas descartou a possibilidade de recessão. Diversos economistas revisaram seus números, que até então giravam em torno de 1,2%, para algo entre 0,5% e 1% - baixo, mas ainda positivo.
O Barclays acredita que a economia brasileira vai continuar minguando nos próximos meses e estima uma retração de 2% no PIB do primeiro trimestre deste ano. "Provavelmente, veremos uma leve recuperação só no quarto trimestre, quando a economia global começar a melhorar e a política monetária surtir efeito", dizem os analistas em relatório.
Até lá, a instituição projeta aumento no desemprego e desaquecimento nas vendas do comércio. Sem pressão no consumo, a inflação deve continuar baixa. O Barclays reduziu sua estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2009 de 3,8% para 3,5% e destacou que "o risco de a inflação subir além da meta é muito reduzido, já que a maior ameaça no momento é de uma longa recessão".
Preços sob controle permitem ao governo fazer uso dos juros em sua estratégia para reanimar a economia. A expectativa do Barclays é de que o Banco Central reduza em mais 1,5 ponto percentual a taxa Selic no próximo mês, quando acontece nova reunião do Comitê de Política Monetária. Com isso, os juros do país, atualmente em 11,25%, cairiam para a casa de um dígito já em abril. E os cortes não devem parar por aí. O banco britânico estima que até o final do ano os juros serão reduzidos a 8,75% ao ano.