Economia

Brasil e Rússia viram paraísos improváveis com Brexit

Com mudança na percepção de risco mundial, Brasil e Rússia viram oportunidades de investimento, segundo gestora europeia


	Mercado brasileiro: com mudança na percepção de risco global, Brasil volta a parecer um bom investimento para estrangeiros
 (Andrew Harrer/Bloomberg)

Mercado brasileiro: com mudança na percepção de risco global, Brasil volta a parecer um bom investimento para estrangeiros (Andrew Harrer/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2016 às 14h40.

A decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia mudou as percepções do risco político mundial.

O novo governo interino do Brasil e o isolamento da Rússia representam uma oportunidade de compra para o maior gestor de ativos da Europa enquanto o caos político em toda a zona do euro corrói o status das economias desenvolvidas como mais seguras.

Mesmo antes da votação da Brexit, as oscilações de preços para títulos de nações mais avançadas tinham ofuscado os de seus pares em nações menos desenvolvidas, expondo investidores a riscos maiores.

“Certamente agora alguns mercados emergentes estão mais seguros do que partes do mundo desenvolvido”, disse Sergei Strigo, chefe de mercados emergentes da Amundi Asset Management em Londres, maior empresa de investimentos do continente, com US$ 1 trilhão sob gestão, que se posicionou para a decisão britânica de abandonar a UE.

Strigo avalia adicionar mais títulos do Brasil e da Rússia em sua carteira e está “overweight” na Argentina e no México. Ele não está sozinho.

Enquanto os mercados globais despencavam na sexta-feira após o resultado do referendo do Reino Unido, o BNP Paribas ampliou sua posição na Rússia, na Colômbia e na África do Sul através de credit-default swaps.

"Brilho de refúgio seguro"

Analistas do Société Générale angariaram títulos em moeda local em Moscou na segunda-feira por seu “brilho de refúgio seguro”, e as ações negociadas em Johannesburgo atraíam a maior quantidade de fluxos de entrada na semana passada desde março de 2009.

Os investidores colocaram US$ 1,75 bilhão em fundos negociados em bolsas dos EUA que investem em dívida e ações do mercado emergente na semana passada, o maior montante em três meses, mostram dados compilados pela Bloomberg.

A volatilidade na negociação de ações mostrou reações completamente diferentes. A volatilidade de trinta dias nos mercados dos EUA, da Europa e do Reino Unido disparou depois da votação e continua acima do patamar em que terminou o primeiro trimestre.

A reação dos traders de ações no Brasil, Rússia, Índia e China, por sua vez, foi praticamente limitada, e os níveis de volatilidade de trinta dias mal se moveram, deixando-a menor ou quase igual em comparação com o patamar observado no dia 31 de março.

Ao ofuscar o apelo de países que normalmente são associados à previsibilidade e à estabilidade, a votação do Reino Unido está tornando os riscos do mercado emergente mais palatáveis para quem busca um refúgio dos rendimentos negativos.

A Brexit empurrou a libra para uma queda livre e deixou os investidores lutando para entender como o enfraquecimento da UE afetará o futuro político e econômico da Europa.

Por todo o seu risco político, comprar dívida do governo britânico com vencimento em 10 anos oferecia um yield de 0,97 por cento às 12h40 em Londres.

Na Rússia, no Brasil e na África do Sul, as mesmas notas pagavam entre 8,5 por cento e 12,2 por cento.

“É melhor ficar longe dos ativos europeus devido à incerteza, e vale a pena analisar os mercados em desenvolvimento, onde a Rússia e o rublo parecem bastante atraentes”, disse Yury Tulinov, chefe de pesquisa do Rosbank em Moscou.

“Em um momento em que a integração europeia está se fragmentando, a Rússia, relativamente isolada, parece um paraíso seguro para os investidores”.

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