Economia

Brasil e Argentina vão eliminar restrições comerciais

A notícia foi dada após um encontro de dois dias em Buenos Aires liderado pelo secretário de Indústria da Argentina, Eduardo Bianchi, e o secretário da Indústria do Brasil, Alessandro Teixeira

Oitenta por cento das exportações de veículos argentinos se destinam ao Brasil, com rendimentos este ano de 7 bilhões de dólares (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Oitenta por cento das exportações de veículos argentinos se destinam ao Brasil, com rendimentos este ano de 7 bilhões de dólares (Marco de Bari/Quatro Rodas)

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Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2014 às 14h26.

São Paulo - Brasil e Argentina anunciaram nesta terça-feira que irão "eliminar gradativamente" as restrições comerciais recentemente impostas às economias dos dois países, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério da Indústria argentino.

A notícia foi dada após um encontro de dois dias em Buenos Aires liderado pelo secretário de Indústria da Argentina, Eduardo Bianchi, e o secretário da Indústria do Brasil, Alessandro Teixeira, como o objetivo de encontrar uma saída ao conflito comercial gerado pela aplicação de restrições ao comércio por parte de ambos sócios do Mercosul.

"No que diz respeito ao licenciamento não automático das importações, as partes avançaram nas negociações e irão liberar gradativamente as licenças pendentes", diz a nota à imprensa.

Além disso, ambos os governos concordaram em fortalecer ações dirigidas a promover o desenvolvimento produtivo integrado e definirão uma agenda de trabalho para os temas estruturais, com especial atenção aos setores sensíveis e estratégicos para cada país.

O conflito foi desatado há 11 dias, quando o Brasil freou a entrada de 3.000 veículos argentinos, ao aplicar sobre eles o sistema de licenças não automáticas, após ter reivindicado, em vão, que lhes autorizassem a venda de autopeças, calçados e eletrodomésticos, entre outros.

A medida produziu um impacto na Argentina, cuja indústria automotiva é, desde 2003, uma das locomotivas do crescimento.

Oitenta por cento das exportações de veículos argentinos se destinam ao Brasil, com rendimentos este ano de 7 bilhões de dólares, inclusive as autopeças.

O volume bilateral de intercâmbio encostou nos 33 bilhões de dólares em 2010, com déficit de pouco mais de US$ 4 bi para a Argentina, segundo números oficiais.

Depois do primeiro impacto e após as primeiras aproximações, na semana passada, a tensão começou a ceder, com a autorização do Brasil para a entrada de mil veículos parados na fronteira, enquanto a Argentina oficializou a decisão de facilitar a passagem pela sua fronteira de calçados, pneus e baterias brasileiras.

A presidente argentina, Cristina Kirchner, reiterou que a prioridade de seu governo é a proteção dos postos de trabalho e a reindustrialização do país.

A ministra argentina da Indústria, Débora Giorgi, disse na semana passada que as licenças não automáticas, impostas pela Argentina, "respeitam as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC)" e disse, ainda, que o comércio bilateral é superavitário a favor do Brasil.

"Houve uma mini-retaliação, mas não tem nenhum alcance estratégico. Evidentemente, não estávamos gostando que esse mecanismo de licenças não automáticas estivesse incidindo nos produtos brasileiros", disse dias atrás Marco Aurélio Garcia, assessor especial da presidente Dilma Rousseff.

A Argentina é o terceiro parceiro comercial do Brasil, depois da China e dos Estados Unidos.

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