Economia

Brasil e Argentina podem mudar acordo automotivo antes do fim do prazo

Segundo Volkswagen, acordo de exportação e importação de veículos pode ser alterado em relação à quantidade de dólares que Brasil pode exportar para vizinho

Veículos: como o mercado brasileiro estava em queda, havia pouca demanda por carros argentinos (Getty Images/Getty Images)

Veículos: como o mercado brasileiro estava em queda, havia pouca demanda por carros argentinos (Getty Images/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de abril de 2018 às 19h19.

São Paulo - Brasil e Argentina podem mudar, no segundo semestre deste ano, as regras do acordo de exportação e importação de veículos, que começou em 2015 e expira somente em 2020, afirmou nesta segunda-feira, 23, o presidente da Volkswagen para a América do Sul, Pablo Di Si.

As mudanças, se confirmadas, devem ampliar o prazo de vigência e aumentar o flex, nome que o setor dá para Argentina a cada US$ 1 importado de lá.

A última vez que o acordo foi renovado, em 2016, estabeleceu que o flex seria de 1,5. Isso significa que, para cada US$ 1 importado das fábricas argentinas, as brasileiras podem exportar US$ 1,5. O combinado foi que a relação se manteria até 2019, com uma elevação para 1,7 nos últimos 12 meses de vigência, que se encerrariam em junho de 2020.

Agora, o governo brasileiro quer elevar o flex e ampliar o prazo. Na opinião do presidente da Volkswagen, o novo flex deverá ficar entre 1,5 e 2, com a possibilidade de haver um aumento gradual a cada ano. Di Si afirmou que, se dependesse dele, o flex aumentaria a cada ano até chegar a 2 em 2030.

As discussões entre Brasil e Argentina em torno do acordo ocorrem meses depois de o governo argentino ter começado a cobrar garantias das empresas que não estavam respeitando o flex. Como o mercado brasileiro estava em queda, havia pouca demanda por carros argentinos.

Do outro lado, o mercado argentino crescia e demandava cada vez mais carros brasileiros. O desequilíbrio fez com que a proporção chegasse a algo próximo de 2 entre julho de 2015 e junho de 2017.

Di Si nega que as conversas para ampliar o flex tenham sido motivadas pelo desequilíbrio. No entanto, ele disse que as garantias cobradas são uma forma de restringir o comércio. A Volkswagen foi uma das montadoras que receberam a notificação do governo argentino.

O executivo também rejeitou a ideia de que uma mudança do acordo, antes do fim da sua vigência, vai contra a tão demandada previsibilidade para os negócios. Isto porque, para ele, o aumento do flex estimularia o comércio, em vez de travar.

"Se é uma mudança positiva para os dois lados, eu concordo", disse o executivo, que participa de evento do setor em São Paulo, realizado pela editora AutoData.

Segundo o presidente da Volkswagen, as últimas reuniões entre Brasil e Argentina foram muito produtivas. Ele aposta em um acerto no segundo semestre. Os dois governos, afirmou, caminham para um entendimento comum.

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